Uma noite sublime
Digamo-lo directamente, a marrabenta é um estilo musical com uma estética, ritmo e poesia de fazer inveja.
Não fosse nosso país de faltas, agudizada por uma agenda cultural inexistente, a marrabenta, como estilo musical, merecia uma melhor inserção num espaço que não se circunscreva somente ao país.
O nível de execução que pude testemunhar na última sexta feira no CCFM, para além de sublime, trouxe-me algumas inquietações lógicas:
É que, todos os bons executores da marrabenta, estão velhos, na verdade, teimo que no próximo festival, alguns deles já não estejam entre nós. Só para terem uma ideia, dos que actuaram no CCFM, na última sexta feira, todos, têm uma média de idade de 60 anos, e o mais velho, dos presentes tem 89 anos, o Moisés da Orquestra Djambo.
Caberá então perguntar: que futuro se reserva para a marrabenta? (O Xidiminguana, já fez um excelente trabalho com o filho, caso para dizer que há alguma luz…)
Bom, não foi para responder a estas e outras inquietações que resolvei escrever. Na verdade, estes escritos, são para partilhar com aos amigos do Blog, as emoções vividas na sexta-feira no Franco.
Já estive em grandes festivais nacionais e internacionais, lembro-me com alguma nostalgia, dos festivais de Baluarte, na Ilha de Moçambique, que fazia desfilar músicos moçambicanos e internacionais com uma vertente tradicional e maravilho-me; Já lá vi coisas muito boas, mas estou certo, que a emoção que tive, não chegará de perto, ao que pude testemunhar na última sexta feira.
Numa noite em que o Alberto Mutxeca foi o elo mais fraco, nem com isso, conseguiu apagar aquilo que seria, a síntese do festival: o sublime, sim sublime.
No meu caderno de registo, tenho os detalhes do espectáculo todo, contudo, por uma questão de economia do espaço, e para não ser enfadonho na apreciação, tentarei sumariar o que foi o espectáculo.
Início
Quando entrei na sala do Franco, eram por ai 21 horas, portanto, trinta minutos depois da hora marcada para o inicio, (razoável se tivermos em conta, que os trinta minutos, foram bem geridos, com a apresentação no ecrã gigante dos testemunhos de artistas e algumas figuras de vulto do cenário artístico), e o mestre-de-cerimónias, que na altura não pude identificar, acabava de anunciar que o festival, estava a começar, na mesma altura, apagaram-se as luzes da sala, permanecendo acesas a do palco, foi ai que vi a entrar o Manjacaziano, Alberto Mhula.
Alberto Mhula e Manjacazianos
O espectáculo, não poderia ter começado de melhor forma, foi mesmo feliz a escolha de Alberto Mhula, para abrir o espectáculo, porque este, mostrou que a idade produz um efeito contrário na sua arte: quanto mais a idade avança, Mhula canta e executa melhor ainda.
Este, apareceu sentado no centro do Palco, com três tambores (Ngomas) bem alinhados, acompanhado, por três bailarinas e começou cantando, Uta Tsendzeleka ni matiku ulava mina, música linda e doce de ouvir, aliás, marca das músicas de Mhula.
Para quem questionou o papel das três Ngomas alinhadas no centro do palco, com a quarta e última música, percebeu, a importância daqueles. É que, no meio da música, Mhula largou a guitarra e fez o tambor rufar e confesso, fiquei sem saber se estava ali um Nyamussoro (Sanghoma), exorcizando os espíritos, ou continuava o Mhula a cantar; e ouvia-se no refrão, He Mhuloo wena wa xanisseka upfumala ni nwinhi mussaveni, e o Franco já estava de pé.
Um dos momentos mais emocionantes, foi quando uma das bailarinas, arrancou a guitarra do Mhula e convidou-o a um passo de dança e este não se fez de rogado, porque se os seus pés não podem mais dançar com o fervor da juventude, as mãos, o podem muito bem substituir e foi, que se viu; gesticulou com as mãos, mas, mesmo com o peso da idade, deu para mexer a bacia, lugar, onde a marrabenta converge.
As 21 e 30 terminou a sua actuação e o mestre-de-cerimónias que desta vez, pude identificar (David Macuácua dos Ghorwanes), que se diga fez um trabalho excelente, ora segurando os espaços de pausa para a afinação das guitarras, ora dando dicas da idade dos executantes. E foi na esteira, destas dicas, que deixou no ar que o próximo a entrar no palco, era um “jovem” de 89 anos, para minutos depois, entrar o Moisés, da Orquestra Djambo.
Orquestra Djambo 70
O Macuácua, teria na ocasião instado o Moisés, a dirigir-se a plateia, para algumas palavras; este, aproximou-se do micro e disse que não tinha nada a dizer, apenas mostrar o seu trabalho: e mostrou, porque a partir da actuação do Djambo, o Franco, pôs-se de pé, num passo de dança, que só cessou com a entrada de Mutxeca.
Elisa mambale foi o tema de abertura, mas o momento, mais alto, foi quando o elemento feminino da Orquestra, cantou os clássicos Elisa Gomara saia, e Laurinda awuni khomele vananga mine, e o público, não coube em si, de tanta emoção. A propósito desta actuação, eu e dois amigos ali presentes, comentamos que aquela sim, era uma verdadeira diva de marrabenta e não as pseudos que andam por aí e que nem vale o esforço de citá-las, para não mancharem o momento.
Este grupo foi acompanhado, por quatro pares de bailarinos e quatro coristas, e não são uma orquestra?
As 22 e 07, entrava o Antoninho, este maengane, que me chamou atenção, pelo rigor do seu vinco, só lembrar as mulheres, que no tempo de Antoninho, eram mandadas embora para casa dos pais, se não soubessem fazer um vinco a rigor.
António Marcos e banda Real
Começou cantando Ntsantsantsa wa mangava, e dava recados claros “vá dizê-los que o Ntsantsansta esteve aqui” e não é que esteve mesmo?
A segunda música, kuta vuya mane kaya murhandziwa, acelerou o compasso de dança arrefecido depois com uyo pfumela, este reggae a moçambicano que temperou mui bem as escolhas temáticas de Antoninho, e para terminar, a sua actuação, e roubando pouco do tempo que era reservado a Mutxeca, cantou Maengane, para o delírio da sala.
Alberto Mutxeca
Um dos executores de marrabenta que estava ansioso para vê-lo era o Mutxeca, mas este, foi totalmente infeliz na escolha do reportório e pela actuação do viola baixo, que não entrava, e nem a sua mulher (corista), o ajudou, porque para além da voz trémula, ela, não foi o brasão que Mutxeca precisou, para apagar a má impressão da primeira música.
É que, Mutxeca, foi pegar a canção Vacolonhi (para iniciar a sua presentação), de ritmo lento, e a partir dai, estava minada a sua actuação, algo embaraçado, com o seu viola baixo, que não conseguia afinar a sua guitarra, o que fez entrar no palco o Ximanganine, para a afinação devida.
O segundo tema, Nwa xibeulana, tentou resgatar o espírito da noite, mas a moral de Mutxeca, já estava abalado, o que piorou, com a mulher, a pressioná-lo, para que tirasse do palco o bailarino alegórico (trazido por eles), que entrara para dançar somente a música Nwa xibeulana, mas que com a receptividade do público, embalou-se e não queria sair mais. O que a mulher de Mutxeca, não precebeu, é que aquele bailarino, em algum momento, salvou a actuação algo infeliz deles.
As 23 e 06, retomava-se o espírito da noite com a entrada no Palco de Xidiminguana e seu conjunto de sempre, Vutho Gaza.
Xidiminguana
Uma vez, quando questionado, o porquê de não mudar seu nome para Domingos,visto que já era crescido, respondeu que a árvore que servia de referência ao Bairro Ximphamanine (baobá=Mphama em Changane), já crescera, mas nem por isso, mudou-se o nome da zona de Ximphamanine, para Mphama.
Com esta resposta, Xidiminguana, negava-se a ser elevado. A sua modéstia, não o deixava ver o Domingos, mas sempre o Xidimingana. E foi este que se apresentou na última sexta feira, com um reportório de fazer inveja, acompanhado de duas bailarinas com dotes de dança invejáveis. Cantou temas como Ni huma ka vuthu, Xicona (que pôs todo mundo de pé), nkatanga, um dos melhores temas de Xidiminguana….êxtase. falar mais? Não.
Os Galtones
O Guitarrista dos Galtones ia avisando a todos: vocês hoje vão dançar. E não é que o tipo tinha razão, uma das melhores actuações da noite, sem sombra de dúvidas. O grupo, mostrou que é rodado e que ensaia e toca constantemente, o ponto mais alto da sua actuação, foi com a música, modas khoma /hnloko, katla, vele… loucura total.
Momento impar, foi quando os dois guitarristas largaram as guitarras e envolveram-se nuns passos de dança, que extasiaram a todos, mais alto ainda, foi ver o Ximanganine a segurar o ritmo (com a ausência dos dois guitaristas), com o seu bandolim, meu Deus!
Aquando da entrada deste grupo, o mestre-de-cerimonias tinha já anunciado, que o mesmo iria acompanhar o guru de marrabenta, Dillon Ndjidji.
Dilon
Dilon, só precisou de fazer uma pequena mexida nos Galtones; mudar o viola solo, pondo no seu lugar, o Bernardo Domingos (filho de Xidiminguana), a tocar. Estava garantido o fecho da noite em apoteose.
Dilon mostrou genica, mostrou juventude, mostrou garra, mostrou saber, mostrou-se líder em palco, mostrou autoridade em cada gesto, algo raro em alguém com 82 anos, juro, que tenho amigos de 30 anos, castigados pelo álcool, que não fariam metade do que Dilon faz, juro.
A música Podina, foi uma oportunidade, para o Dilon, exortar a todos, para dançar a marrabenta nacional, de Moçambique, e não se preocupe amigo leitor em querer corrigir Dilon, porque ele pretendia evocar as últimas forças de quem estava na sala e se preocupava com marrabenta. O que quis dizer, é que não deixem a marrabenta morrer e mais internacionalizemo-la.
A grande prova, que Dilon deu de que a marrabenta é sempre actual, foi quando tocou uma música que valeu pelo espectáculo de guitarradas, onde todo mundo vibrou com a mesma, para depois dizer que aquela, era de 1950!
Esteve o Dilon, bem acompanhado, por duas lindas jovens bailarinas, que a dado momento, harmonizavam os passos de dança com ele.
O Bernardo, filho de Domingos, na última música, acreditem, fez amor com a sua guitarra, ali, em pleno palco, aos olhos de todos… exímio guitarrista, o Macuácua, que estava ali ao lado, saltou para o saudar.
Caia, uma noite inesquecível, queria que minha filha tivesse idade suficiente, para ter assistido e compreendido, o que se passou naquela noite.
Organizaçao
Não tenho reparos para a organização, senão, o facto de terem também a semelhança do público, posto braceletes nas mãos dos artistas, que eram os verdadeiros protagonistas daquela noite; não fazia sentido.
Bem-haja o Logaritimo produções, e para as próximas vezes, que o festival comece mais cedo, para que não se prolongue pela noite dentro prejudicando o espectáculo e agastando em parte, os seus executores.
A marrabenta está de boa saúde sim e recomenda-se.
Digamo-lo directamente, a marrabenta é um estilo musical com uma estética, ritmo e poesia de fazer inveja.
Não fosse nosso país de faltas, agudizada por uma agenda cultural inexistente, a marrabenta, como estilo musical, merecia uma melhor inserção num espaço que não se circunscreva somente ao país.
O nível de execução que pude testemunhar na última sexta feira no CCFM, para além de sublime, trouxe-me algumas inquietações lógicas:
É que, todos os bons executores da marrabenta, estão velhos, na verdade, teimo que no próximo festival, alguns deles já não estejam entre nós. Só para terem uma ideia, dos que actuaram no CCFM, na última sexta feira, todos, têm uma média de idade de 60 anos, e o mais velho, dos presentes tem 89 anos, o Moisés da Orquestra Djambo.
Caberá então perguntar: que futuro se reserva para a marrabenta? (O Xidiminguana, já fez um excelente trabalho com o filho, caso para dizer que há alguma luz…)
Bom, não foi para responder a estas e outras inquietações que resolvei escrever. Na verdade, estes escritos, são para partilhar com aos amigos do Blog, as emoções vividas na sexta-feira no Franco.
Já estive em grandes festivais nacionais e internacionais, lembro-me com alguma nostalgia, dos festivais de Baluarte, na Ilha de Moçambique, que fazia desfilar músicos moçambicanos e internacionais com uma vertente tradicional e maravilho-me; Já lá vi coisas muito boas, mas estou certo, que a emoção que tive, não chegará de perto, ao que pude testemunhar na última sexta feira.
Numa noite em que o Alberto Mutxeca foi o elo mais fraco, nem com isso, conseguiu apagar aquilo que seria, a síntese do festival: o sublime, sim sublime.
No meu caderno de registo, tenho os detalhes do espectáculo todo, contudo, por uma questão de economia do espaço, e para não ser enfadonho na apreciação, tentarei sumariar o que foi o espectáculo.
Início
Quando entrei na sala do Franco, eram por ai 21 horas, portanto, trinta minutos depois da hora marcada para o inicio, (razoável se tivermos em conta, que os trinta minutos, foram bem geridos, com a apresentação no ecrã gigante dos testemunhos de artistas e algumas figuras de vulto do cenário artístico), e o mestre-de-cerimónias, que na altura não pude identificar, acabava de anunciar que o festival, estava a começar, na mesma altura, apagaram-se as luzes da sala, permanecendo acesas a do palco, foi ai que vi a entrar o Manjacaziano, Alberto Mhula.
Alberto Mhula e Manjacazianos
O espectáculo, não poderia ter começado de melhor forma, foi mesmo feliz a escolha de Alberto Mhula, para abrir o espectáculo, porque este, mostrou que a idade produz um efeito contrário na sua arte: quanto mais a idade avança, Mhula canta e executa melhor ainda.
Este, apareceu sentado no centro do Palco, com três tambores (Ngomas) bem alinhados, acompanhado, por três bailarinas e começou cantando, Uta Tsendzeleka ni matiku ulava mina, música linda e doce de ouvir, aliás, marca das músicas de Mhula.
Para quem questionou o papel das três Ngomas alinhadas no centro do palco, com a quarta e última música, percebeu, a importância daqueles. É que, no meio da música, Mhula largou a guitarra e fez o tambor rufar e confesso, fiquei sem saber se estava ali um Nyamussoro (Sanghoma), exorcizando os espíritos, ou continuava o Mhula a cantar; e ouvia-se no refrão, He Mhuloo wena wa xanisseka upfumala ni nwinhi mussaveni, e o Franco já estava de pé.
Um dos momentos mais emocionantes, foi quando uma das bailarinas, arrancou a guitarra do Mhula e convidou-o a um passo de dança e este não se fez de rogado, porque se os seus pés não podem mais dançar com o fervor da juventude, as mãos, o podem muito bem substituir e foi, que se viu; gesticulou com as mãos, mas, mesmo com o peso da idade, deu para mexer a bacia, lugar, onde a marrabenta converge.
As 21 e 30 terminou a sua actuação e o mestre-de-cerimónias que desta vez, pude identificar (David Macuácua dos Ghorwanes), que se diga fez um trabalho excelente, ora segurando os espaços de pausa para a afinação das guitarras, ora dando dicas da idade dos executantes. E foi na esteira, destas dicas, que deixou no ar que o próximo a entrar no palco, era um “jovem” de 89 anos, para minutos depois, entrar o Moisés, da Orquestra Djambo.
Orquestra Djambo 70
O Macuácua, teria na ocasião instado o Moisés, a dirigir-se a plateia, para algumas palavras; este, aproximou-se do micro e disse que não tinha nada a dizer, apenas mostrar o seu trabalho: e mostrou, porque a partir da actuação do Djambo, o Franco, pôs-se de pé, num passo de dança, que só cessou com a entrada de Mutxeca.
Elisa mambale foi o tema de abertura, mas o momento, mais alto, foi quando o elemento feminino da Orquestra, cantou os clássicos Elisa Gomara saia, e Laurinda awuni khomele vananga mine, e o público, não coube em si, de tanta emoção. A propósito desta actuação, eu e dois amigos ali presentes, comentamos que aquela sim, era uma verdadeira diva de marrabenta e não as pseudos que andam por aí e que nem vale o esforço de citá-las, para não mancharem o momento.
Este grupo foi acompanhado, por quatro pares de bailarinos e quatro coristas, e não são uma orquestra?
As 22 e 07, entrava o Antoninho, este maengane, que me chamou atenção, pelo rigor do seu vinco, só lembrar as mulheres, que no tempo de Antoninho, eram mandadas embora para casa dos pais, se não soubessem fazer um vinco a rigor.
António Marcos e banda Real
Começou cantando Ntsantsantsa wa mangava, e dava recados claros “vá dizê-los que o Ntsantsansta esteve aqui” e não é que esteve mesmo?
A segunda música, kuta vuya mane kaya murhandziwa, acelerou o compasso de dança arrefecido depois com uyo pfumela, este reggae a moçambicano que temperou mui bem as escolhas temáticas de Antoninho, e para terminar, a sua actuação, e roubando pouco do tempo que era reservado a Mutxeca, cantou Maengane, para o delírio da sala.
Alberto Mutxeca
Um dos executores de marrabenta que estava ansioso para vê-lo era o Mutxeca, mas este, foi totalmente infeliz na escolha do reportório e pela actuação do viola baixo, que não entrava, e nem a sua mulher (corista), o ajudou, porque para além da voz trémula, ela, não foi o brasão que Mutxeca precisou, para apagar a má impressão da primeira música.
É que, Mutxeca, foi pegar a canção Vacolonhi (para iniciar a sua presentação), de ritmo lento, e a partir dai, estava minada a sua actuação, algo embaraçado, com o seu viola baixo, que não conseguia afinar a sua guitarra, o que fez entrar no palco o Ximanganine, para a afinação devida.
O segundo tema, Nwa xibeulana, tentou resgatar o espírito da noite, mas a moral de Mutxeca, já estava abalado, o que piorou, com a mulher, a pressioná-lo, para que tirasse do palco o bailarino alegórico (trazido por eles), que entrara para dançar somente a música Nwa xibeulana, mas que com a receptividade do público, embalou-se e não queria sair mais. O que a mulher de Mutxeca, não precebeu, é que aquele bailarino, em algum momento, salvou a actuação algo infeliz deles.
As 23 e 06, retomava-se o espírito da noite com a entrada no Palco de Xidiminguana e seu conjunto de sempre, Vutho Gaza.
Xidiminguana
Uma vez, quando questionado, o porquê de não mudar seu nome para Domingos,visto que já era crescido, respondeu que a árvore que servia de referência ao Bairro Ximphamanine (baobá=Mphama em Changane), já crescera, mas nem por isso, mudou-se o nome da zona de Ximphamanine, para Mphama.
Com esta resposta, Xidiminguana, negava-se a ser elevado. A sua modéstia, não o deixava ver o Domingos, mas sempre o Xidimingana. E foi este que se apresentou na última sexta feira, com um reportório de fazer inveja, acompanhado de duas bailarinas com dotes de dança invejáveis. Cantou temas como Ni huma ka vuthu, Xicona (que pôs todo mundo de pé), nkatanga, um dos melhores temas de Xidiminguana….êxtase. falar mais? Não.
Os Galtones
O Guitarrista dos Galtones ia avisando a todos: vocês hoje vão dançar. E não é que o tipo tinha razão, uma das melhores actuações da noite, sem sombra de dúvidas. O grupo, mostrou que é rodado e que ensaia e toca constantemente, o ponto mais alto da sua actuação, foi com a música, modas khoma /hnloko, katla, vele… loucura total.
Momento impar, foi quando os dois guitarristas largaram as guitarras e envolveram-se nuns passos de dança, que extasiaram a todos, mais alto ainda, foi ver o Ximanganine a segurar o ritmo (com a ausência dos dois guitaristas), com o seu bandolim, meu Deus!
Aquando da entrada deste grupo, o mestre-de-cerimonias tinha já anunciado, que o mesmo iria acompanhar o guru de marrabenta, Dillon Ndjidji.
Dilon
Dilon, só precisou de fazer uma pequena mexida nos Galtones; mudar o viola solo, pondo no seu lugar, o Bernardo Domingos (filho de Xidiminguana), a tocar. Estava garantido o fecho da noite em apoteose.
Dilon mostrou genica, mostrou juventude, mostrou garra, mostrou saber, mostrou-se líder em palco, mostrou autoridade em cada gesto, algo raro em alguém com 82 anos, juro, que tenho amigos de 30 anos, castigados pelo álcool, que não fariam metade do que Dilon faz, juro.
A música Podina, foi uma oportunidade, para o Dilon, exortar a todos, para dançar a marrabenta nacional, de Moçambique, e não se preocupe amigo leitor em querer corrigir Dilon, porque ele pretendia evocar as últimas forças de quem estava na sala e se preocupava com marrabenta. O que quis dizer, é que não deixem a marrabenta morrer e mais internacionalizemo-la.
A grande prova, que Dilon deu de que a marrabenta é sempre actual, foi quando tocou uma música que valeu pelo espectáculo de guitarradas, onde todo mundo vibrou com a mesma, para depois dizer que aquela, era de 1950!
Esteve o Dilon, bem acompanhado, por duas lindas jovens bailarinas, que a dado momento, harmonizavam os passos de dança com ele.
O Bernardo, filho de Domingos, na última música, acreditem, fez amor com a sua guitarra, ali, em pleno palco, aos olhos de todos… exímio guitarrista, o Macuácua, que estava ali ao lado, saltou para o saudar.
Caia, uma noite inesquecível, queria que minha filha tivesse idade suficiente, para ter assistido e compreendido, o que se passou naquela noite.
Organizaçao
Não tenho reparos para a organização, senão, o facto de terem também a semelhança do público, posto braceletes nas mãos dos artistas, que eram os verdadeiros protagonistas daquela noite; não fazia sentido.
Bem-haja o Logaritimo produções, e para as próximas vezes, que o festival comece mais cedo, para que não se prolongue pela noite dentro prejudicando o espectáculo e agastando em parte, os seus executores.
A marrabenta está de boa saúde sim e recomenda-se.
e outro:
Enquanto o Dilon falava, cantava dentro de mim a música, Marracuene va dzila/va dzilela Dilon,/Dilone wa famba, mitati vonela (Marracuene chora por Dilon, Dilon já vai e que será de vocês…..
Que os anos guardem estes embondeiros, e se eles forem que vão na certeza de terem passado o testemunho, enquanto isso, que vivam mais anos, muitos mais anos, porque eu já espero o próximo festival.
P.S. desculpem-me, não pude resumir mais que isto, não podia.
Amosse Macamo
Enquanto o Dilon falava, cantava dentro de mim a música, Marracuene va dzila/va dzilela Dilon,/Dilone wa famba, mitati vonela (Marracuene chora por Dilon, Dilon já vai e que será de vocês…..
Que os anos guardem estes embondeiros, e se eles forem que vão na certeza de terem passado o testemunho, enquanto isso, que vivam mais anos, muitos mais anos, porque eu já espero o próximo festival.
P.S. desculpem-me, não pude resumir mais que isto, não podia.
Amosse Macamo
6 comentários:
Oh, Modaskavalu, querias resumir para quê? Muito obrigada por nos (me) transportar para essa noite mágica! Queria taaaaanto ter estado ai, e ter sacudido o corpo até cansar...
Bem hajam os nossos músicos, bailarinos, organizadores, amantes da música...
PS: os "braceletes" aque se refere, nao eram de uma cor distinta das do público? tenho visto que isso se utiliza para ter claro quem eh quem num espectaculo grande. Se bem que os artistas e a imprensa normalmente recebem passes especiais...
Amosse!
Excelente.
Isto chama-se assistir ao espetáculo mahala!
Parabéns
sei, que querias estar aqui Nyabetse, sei mesmo....eu sacudi o corpo por ti nao te preocupes.
os braceletes nao diferiam do publico nao! se fossem passes especiais sim, aceito. foi uma noite impar Nyabetse acredite.
obrigado pela passadinha no Modas, alias, ja tinha dito que dedicava este post a ti, Patricio e muitos outros nossos, na diaspora.
Patricio, obrigado. foi uma noite sublime acredite, com tudo para os velhotes brilharem e eles souberam faze-lo com classe e distincao.
aquela noite estara gravada la no fundo da minha memoria para sempre e claro Patricio, aproveitei o show, para entrar em contacto com todos aqueles velhotes, sim, ja sabes para que...dou noticias
Oi Amosse,
Belo retrato este feito por ti, eu nao vi o inicio do show, quando entrei estava em actuacao a orquestra Djambo, dancei tanto a elisa we, para logo a seguir vibrar com o Maengane, sabes que a minha preferida eh garracunha mas u yo pfumela fez sucesso, todo franco levantou pa dancar reggae, foi emocionante.
Ahh o bailarino do Mutxeca, no principio nao achei graca, mas verdade seja dita o tipo "ngunhuta", dancou tudo ate danca da barriga, e olha que a circunferencia era bem avantajada.
O resto foi o que disseste Xidiminguana, Dilon sempre iguais a si. Tambem adorei a performance do Bernardo fechou a noite em grande.
No sabado doiam me as pernas mas foi por uma boa razao.
Yndongah, se nao viste o Manjacaziano Alberto Mhula, perdeste o sumo do espectaculo; sabes que as aberturas, acabam sendo o prenuncio de todo o espectaculo!
pena o Mutxeca, porque a segunda musica que cantou se wa nguena, 'e de um album que tem sucessos como Mabor e mamane ni rihvalele...o Bernardo merece melhor atencao, em Cape, Bernardo seria outra pessoa, porque eximio....
bem haja a Marrabenta, Modaskavalu
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