sexta-feira, 14 de agosto de 2009

ODE A VIDA

Ode à vida

Bom, no sábado passado o meu amigo Nero, chamou-me a sua casa. Disse-me ele: irmanito, venha almoçar comigo e por favor traga a sua família. Era o começo deste pequeno escrito.

Lá fui eu, a Zena (minha esposa) e a Zahra (minha filha), e uma vez que ia a casa do meu irmanito, e porque a um assobio da minha casa, fiquei à vontade: chinelos, gangas, uma camisete polo e um assobio estridente cantarolando Zeburani.

Bati a porta e o meu irmanito ao abrir gozava-me: chegou o Jalaludine (pudera se o Jalaludine tivesse a minha massa cinzenta), e rimo-nos por todos motivos que este nome evoca.

Aconcheguei-me na poltrona e reparei que mesmo ao meu lado esquerdo, no canto da sala, estava o tripé, com duas garrafas de um bom vinho gelando.

Sempre que estou com meu irmanito, regrido no tempo, igual à aquela criança irrequieta que mesmo roubada a infância, ainda se lembrava de brincar. Juntos celebramos o riso, riso puro das mil estórias de vida, gargalhamos a valer, e claro, às vezes me irrito, zango mas meu irmanito, tem o dom de me aturar.

Mas bom, não foi para falar das minhas nóias que vim aqui. Queria era, dar-me por feliz, não só eu, mas também o meu irmanito e nossas famílias, em conseguirmos o que muitos procuram (esta vai para o Julio Muthisse=vingança tarda mas não falha), e se encontram, nunca em igual oportunidade como a nossa.

É que, a uma certa altura do convívio, liguei para o meu amigo a quem chamo de “poeta das boas essências”, a pedir que se juntasse a nós.

Já agora, deixem-me trazer-vos o testemunho de um homem que aprendo a admirar a cada dia: Hortêncio Langa.

Um homem soberbo sem soberba (arranco as palavras de Júlio Mut(H)isse), duma modéstia impressionante, afável, de trato fácil, respeitador, sempre actual, calmo, sempre disposto a ouvir, até quando devia falar.

E bom, dizia que liguei ao meu amigo Hortêncio e ele veio como sempre vem quando o peço e trouxe consigo, e atendendo ao meu pedido, a sua guitarra, musa que ele sabe tratar.

E tocou; tocou um tema que nunca havia tocado, tocou ainda “Maputo”, “Alirhandzo”, “Hodi”, e eu e o meu irmanito sempre a fazermos os coros. Verdade que a desafinar, mas acreditem, estava ali o forte daquelas canções: o trato fino na guitarra e voz de Hortêncio, e as nossas trapalhadas.

Oportunista como sou, tive o cuidado de registar estas canções no meu telemóvel e um dia, não estranhem se aparecer numa das tantas “labels” da capital, um CD de Hortêncio, Nero e Modaskavalu.

E nem se atrevam a questionar se Nero e Modas, cantam porque nós gritamos menos que alguns MC’s da praça.

Hoje, sexta feira, dia catorze de Agosto de dois mil e nove, a menos de dezasseis dias do primeiro aniversário da minha filha, acordei com vontade de ouvir as canções que captei naquela noite memorável e enquanto escutava, apercebi-me como a vida é bela.

Ode aos meus amigos Hortêncio e Nero a Zahra minha filha (Zena e minha esposa), que sabem me devolver o sorriso, até quando a vida me nega.

Ode aos fazedores de cultura desta terra, poetas destinados a castigos imerecidos de não reconhecimento, mas que resistem mesmo assim.

Mas esta ode, também se estende aos outros meus amigos que estão sempre comigo, mesmo quando distantes: Duma (filósofo mor), Júnior, Baúque, Mutisse (irmão na causa), Ouri (das trincheiras), Ximbi, yndo, Nyiki(irmanitas), Ndapassoa, Machel, Mapengo, Shir, Chacate, Saiete,Bayano, Nyabetse, Langa, Macamo, Muthisse mais velho, Vaz e a todos que escrevo em off para meu coração sentir, a mensagem é de vivas a nossa cultura, a nossa espiritualidade, nosso optimismo como nação, nossa força e garra, ode também extensiva, a todos fazedores da cultura, homens de verdadeira neura.

P.S. não pensei este post, ele nasceu do nada, igual ao meu caminho. Um post que me mete medo...será que vou morrer?
Nada, hoje é sexta catorze.

Amosse Macamo