segunda-feira, 18 de maio de 2009

Modaskavalu, Ghorwane, Gallotones, Mingas e eu

Modaskavalu, Ghorwane, Gallotones, Mingas...

O meu amigo Custódio Duma é testemunha: não poderei sair de casa nas proximas 3 semanas.

Diria eu, “médico cura-te a ti próprio”, porque quem criou esta condição fui eu, já me explico:

Sexta feira sai para ver os Gallotones (Ximanganine e companhia), no lançamento do seu álbum, na AEMO.

Na verdade ligou-me o meu amigo Hortêncio, chamando-me atenção. Lá fui a correr e cheguei a tempo de ouvir quase todas as músicas do novo álbum daquele grupo que tem como título Hanya (viva), mas sobre este, falarei no momento certo.

Normalmente, quando saio às sextas, não posso mais sair no sábado, (família, e a questão dos créditos conjugais que não podem degenerar em débitos, quando a classe dos madlaya nhocas cresce de forma galopante), mas tinha na mente que Ghorwane iria tocar no sábado.

Sai lançado para a AEMO e é lógico que não poderia perder a oportunidade de ver o espectáculo, comprar o disco, caçar os autógrafos, bater um papo embalado pela boa música da minha terra....

No final do espectáculo eu e meu amigo Hortêncio ficamos a cavaquear e levamos algumas horinhas que pesam em longas horas quando se chega a casa.

Voltei para casa e para acalmar a minha “Dilikaze”, como ousa chamar Zeburani à sua amada, comprei umas Redd´s e até consegui alisar tudo.

E o dia seguinte.....
Meu Deus como dizer que voltaria a sair, no sabado?
Quando devia fazer aquele papel já conhecido de ajudar nos deveres de casa (arrumar a sala) e brincar com a nossa caçulinha, cantando e dançando para ela Marracuene vamu tekeli Podina de Dillon, o Nkutumula, sim, esse meu irmanito malandro, tirou-me de casa e voltei quase às 20 horas...

E esta?
Bom, devo dizer que na saída que tive com o Nkutumula, fomos a tempo de apanhar um larápio que acabara de roubar e violentar um turista brasileiro e conseguimos como bem diz a nossa Polícia, “neutralizá-lo”, só não recuperamos o telefone (pena).

Contei estas emoções à minha mulher e logicamente que ela não acreditou, mas o mais difícil vinha: informá-la que tinha de ir ver Ghorwane.

A única forma, pensei comigo, era fazer promessas (e sou bom pagador de promessas) e fí-las, prometi dia seguinte mesmo com ressaca levar-lhe o mata-bicho na cama, arrumar a casa toda (com a casa de banho inclusa), fazer almoço e ainda visitar a mãe dela (minha sogra) e prometi mais e desta promessa me arrependo: prometi não sair nos próximas três fins de semana!

Meu Deus!
Como farei me digam, como hei-de eu viver nas próximas três semanas?

Não achem que reduzo o aconchego do meu lar e /ou pensem que não tenho amor suficiente em casa; pelo contrário: só que, na Rua d´arte, Gil, Africa Bar e alguns outros cantos desta cidade onde tocam os bons músicos da minha terra, vive o Modaskavalu, o outro “eu” e este, é preponderante para o equilíbrio emocional de Amosse Macamo, o diligente chefe de família.(ou que se quer).

Seja como for, se minha mulher não ceder a minha cara de pena, vou ter que ficar em casa porque prometi. Far-lhe-ei os desejos porque ela merece.

Mas sempre direi que valeu à pena ter saído neste fim de semana, porque os Ghorwane, deram um espectáculo gigante como eles e eu cantei muito, (e delirei quando cantaram u yo mussiya kwini de Pedro, Mavabye de Zeca, Txongola de Chitsondzo, Massotchua....,

os Gallotones foram iguais a si mesmo, cantando temas que me fizeram recuar a minha colorida infância, como o Ximeliana Dzukuta e mais, no espectáculo destes, tive a oportunidade de conhecer a voz que invade os meus deuses em noites de grande meditação: a Mingas e fiquei mudo, igual aquela sensação que tínhamos em adolescência, quando colocados pela primeira vez em frente da mulher que queremos...(mas, ainda deu para falarmos de Mamani e fiquei feliz, mas muito, por saber que a Mingas tinha lido o meu texto e gostou).

E ainda no mesmo espectáculo, pude privar com a Paulina Chiziane e ouvir os seus legítimos desabafos sobre o estágio da nossa cultura (conversa interessante esta e que prometo vos revelar aqui)

Pude ainda, apertar à mão ao Marcelino dos Santos (e acham pouco isso? Acham? Bob Marley, quando voltou de Zimbabwe, onde fora dar um espectáculo na comemoração de independência daquele país, um grupo de jornalistas ocidentais o interpelou, para saber como fora a experiência ao que respondeu que para além do bom espectáculo, lhe foi dado uma parcela de terra. E sobre este facto, dizia Bob: “fui dado terra, por quem a libertou”. E eu digo: fui dado a mão, por quem libertou esta terra e isso não é pouco meus amigos).

Valeu mesmo e as próximas três semanas, (meu Deus), as próximas três semanas, serão dedicados à minha família, outra parte do Modaskavalu que é preciso preservar, aliás, se tiver que vencer uma parte nesta guerra (que deve inexistir), vencerá a minha família...mas Modaskavalu......hei vakithi.

P.S. me desculpem as gralhas neste texto, foi tirado de dentro para fora e sem cuidada revisão e se não encontrarem neste texto, o nexo causal entre ele e o Modaskavalu, não se preocupem meus amigos e nem tentem me perceber...devia neste espaço, entrar o texto que escrevi sobre João Cabaço e a música mamana waku, mas quis o maldito computador, complicar minha vida: o texto sumiu e nenhum pensamento, vai superar, ainda que defeituoso, o que tinha imprimido para escrever sobre João...raios, parece que as três semanas já começam a surtir efeito....