quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Ximbitane, festival de marrabenta, modaskavalu

Psiu! Ei, tu ai! Ya, tu mesmo! wene pah! Guarda a preguiça e faz uma postagem sobre o festival da marrabenta. wadevô! B’dia-Ximibitane

Esta mensagem entrou as 06:55:56 no meu telefone hoje. Não tivesse eu a profissão que tenho, borrava-me de medo, a pensar que um dos meus secou o nariz a dormir. Encarei e fui ao “inbox” qual não foi a surpresa, dei-me de caras com esta mensagem que longe de ser um pedido, era uma ordem, um chamamento, na verdade, uma exortação para fazer algo acerca daquilo que digo acreditar: a Marrabenta, modaskavalu, senta baixo axi tlakula guinhá….
A Ximbitane estava a convocar as minhas forças para uma causa que ela sabe que não sou alheio; a marrabenta e pasmava-se com meu silêncio no sentido de “Amosse, se nos incomodas todos dias, com tuas postagens sobre a marrabenta, inquieta-nos o teu silêncio quando sabes que se vai realizar um festival de marrabenta e simplesmente te remetes ao silêncio!!!”
Tens razão mana Ximbitane, impunha-se que dissesse algo neste momento, nem que fosse para reclamar do preço (250 Meticais) e do lugar (Centro Franco-Moçambicano), onde se vai realizar o espectáculo: elitizaçao do que é popular? Nada, que o povo siga depois a carruagem de marrabenta até Guaza Muthine que lá é mahala.
Pude ver na publicidade que é passada na mídia, que vão desfilar entre outros; o velho Dillon, Djambo 70, Manjacazianos de Alberto Mhula, António Marcos, Tio Wazi, Galltones de Ximanganine (há santo bandolim)….e questionei-me, se será necessário, um festival, para ver estes verdadeiros embondeiros da nossa terra? Haverá desespero neste gesto dos realizadores em fazer um festival do que é nosso?
E alguém vai questionar: Amosse, então, trazemos o festival, reunimos as velhas glórias num só concerto e pões-te a reclamar?
Nada vandunwina, não reclamo não, tenho meus motivos, de fundo até, mas que se diga; não há nenhum gesto de desespero por parte dos realizadores, estão até de parabéns, pena que só promovem os festivais, e não os espectáculos regulares, porque estes sim, seriam uma forma de ensaio, e motivo para aqueles produzirem mais canções que povoam o nosso imaginário: temo que os festivais, se tornem, um acto de saudosismo, onde vamos deitar lágrimas e exaltar um passado que alguns de nós, nunca vivemos.
Este festival, ganha sim, por agrupar realidades com características semelhantes, a luminosidade dos anos e homens de grande criação artística, pena que este momento, não seja encarado pelos jovens com alguma seriedade, porque seria, o de passagem de testemunha por excelência.
Lembrar que a maioria das músicas destes Embondeiros que povoam o nosso imaginário, foram gravadas em duas pistas somente, e não tinham todo o aparato tecnológico que os jovens tem, mas mesmo assim, superam em qualidade e como!
Este festival, deveria também conter uma parte, em que jovens comprometidos com a nossa música, pudessem lembrar, alguns ícones de marrabenta que já não estão entre nós, Tony Django, por exemplo, é exímio a buscar Zeburane e outros. Seria uma forma de ressuscitar, grandes intérpretes da nossa marrabenta, porque não faria sentido que no festival não se tocasse, por exemplo, um hino como o Modaskavalu, interpretado por Fany e Mahecuane, aliás, se existisse a trindade na música, dois lugares, seriam ocupados por Fany e Mahecuane e o terceiro por Dilon, Xidiminguana, Alexandre Langa….?
Mas Ximbitane, porque já falei muito, queria lhe dizer que, esperava falar do festival, depois de assistir, porque estarei lá, lúcido e registando cada momento, para os comentários devidos no teu, meu, nosso modaskavalu, contudo, agradeço e como, pelo toque, bem hajas, minha mana….
Então, até logo no franco?
P.S. perdoem, como tem sempre perdoado meus erros, o presente, foi escrito em vinte minutos, e para responder a "provocação da mana"...e dizer que hoje utapswa mutchine wama nailoni (hoje vai mesmo animar)
Amosse Macamo

6 comentários:

Patricio Langa disse...

Eish…! Estou com inveja!
É nestas horas que a diáspora dói!
Fico a espera da radiográfia do ‘show’
Abraço

amosse macamo disse...

Não se preocupe amigo Patrício, as peripécias dos bons executores de marrabenta serão contados minuciosamente aqui no Modaskavalu, se bem que contado, não é o mesmo que visto…não vou diminuir, sequer aumentar um ponto…em contrapartida, estás na Cidade de Jazz, também tenho muita inveja de si. Hei?

Yndongah disse...

Amosse,

Eu fui ver o festival, fiquei fascinada sobretudo com a energia dos cotas, não eh sempre que deparamos com alguém a bater os seus 82 anos a dominar o palco e a dança.
Mas apesar de lá ter ido não vejo hora de rever o show aqui no Modas, ai sim poderei dizer mais do que vi.
Até já

amosse macamo disse...

certo mana, a materia esta na forja, vamos prestar um servico ao Patricio, Nyabetse e outros bons manos(manas) na diaspora. bjo, tou a caminho da surpesa da mana Ximbi

Jorge Saiete disse...

Alo Macamo, eu perdi esse espectaculo. fiquei com confusão em relação ao local pois fiquei sabendo que no mesmo local, dia e hora haveria a apresentação de um projecto Moçambique-Madagascar liderado por Chico António. Isso criou confusão e fiquei sem entender nada. Espero que tenha corrido tudo bem e please reporte isso para nós.

Olha, doeram meus olhos de tanto procurar por ti na festa da Xim no último sabado. A Yndongah garantira que chegarias mas foi tudo mahala até a hora que sai na companhia do Julio Mitisse. certamente mais oportunidades virão. abraço e boa labuta

amosse macamo disse...

Oh Saiete, o infortunio quis que nao chegasse. tive muita pena em nao ter estado convosco, tudo apontava que sim, mas acredito, que um dia havera.
quanto ao espectaculo, nao se preocupe, ja temo-lo disponivel ai em cima. foi uma noite unica, igual a si propria, o relato acima, nunca chegara de perto, ao espectaculo que foi.....