Ode à vida
Bom, no sábado passado o meu amigo Nero, chamou-me a sua casa. Disse-me ele: irmanito, venha almoçar comigo e por favor traga a sua família. Era o começo deste pequeno escrito.
Lá fui eu, a Zena (minha esposa) e a Zahra (minha filha), e uma vez que ia a casa do meu irmanito, e porque a um assobio da minha casa, fiquei à vontade: chinelos, gangas, uma camisete polo e um assobio estridente cantarolando Zeburani.
Bati a porta e o meu irmanito ao abrir gozava-me: chegou o Jalaludine (pudera se o Jalaludine tivesse a minha massa cinzenta), e rimo-nos por todos motivos que este nome evoca.
Aconcheguei-me na poltrona e reparei que mesmo ao meu lado esquerdo, no canto da sala, estava o tripé, com duas garrafas de um bom vinho gelando.
Sempre que estou com meu irmanito, regrido no tempo, igual à aquela criança irrequieta que mesmo roubada a infância, ainda se lembrava de brincar. Juntos celebramos o riso, riso puro das mil estórias de vida, gargalhamos a valer, e claro, às vezes me irrito, zango mas meu irmanito, tem o dom de me aturar.
Mas bom, não foi para falar das minhas nóias que vim aqui. Queria era, dar-me por feliz, não só eu, mas também o meu irmanito e nossas famílias, em conseguirmos o que muitos procuram (esta vai para o Julio Muthisse=vingança tarda mas não falha), e se encontram, nunca em igual oportunidade como a nossa.
É que, a uma certa altura do convívio, liguei para o meu amigo a quem chamo de “poeta das boas essências”, a pedir que se juntasse a nós.
Já agora, deixem-me trazer-vos o testemunho de um homem que aprendo a admirar a cada dia: Hortêncio Langa.
Um homem soberbo sem soberba (arranco as palavras de Júlio Mut(H)isse), duma modéstia impressionante, afável, de trato fácil, respeitador, sempre actual, calmo, sempre disposto a ouvir, até quando devia falar.
E bom, dizia que liguei ao meu amigo Hortêncio e ele veio como sempre vem quando o peço e trouxe consigo, e atendendo ao meu pedido, a sua guitarra, musa que ele sabe tratar.
E tocou; tocou um tema que nunca havia tocado, tocou ainda “Maputo”, “Alirhandzo”, “Hodi”, e eu e o meu irmanito sempre a fazermos os coros. Verdade que a desafinar, mas acreditem, estava ali o forte daquelas canções: o trato fino na guitarra e voz de Hortêncio, e as nossas trapalhadas.
Oportunista como sou, tive o cuidado de registar estas canções no meu telemóvel e um dia, não estranhem se aparecer numa das tantas “labels” da capital, um CD de Hortêncio, Nero e Modaskavalu.
E nem se atrevam a questionar se Nero e Modas, cantam porque nós gritamos menos que alguns MC’s da praça.
Hoje, sexta feira, dia catorze de Agosto de dois mil e nove, a menos de dezasseis dias do primeiro aniversário da minha filha, acordei com vontade de ouvir as canções que captei naquela noite memorável e enquanto escutava, apercebi-me como a vida é bela.
Ode aos meus amigos Hortêncio e Nero a Zahra minha filha (Zena e minha esposa), que sabem me devolver o sorriso, até quando a vida me nega.
Ode aos fazedores de cultura desta terra, poetas destinados a castigos imerecidos de não reconhecimento, mas que resistem mesmo assim.
Mas esta ode, também se estende aos outros meus amigos que estão sempre comigo, mesmo quando distantes: Duma (filósofo mor), Júnior, Baúque, Mutisse (irmão na causa), Ouri (das trincheiras), Ximbi, yndo, Nyiki(irmanitas), Ndapassoa, Machel, Mapengo, Shir, Chacate, Saiete,Bayano, Nyabetse, Langa, Macamo, Muthisse mais velho, Vaz e a todos que escrevo em off para meu coração sentir, a mensagem é de vivas a nossa cultura, a nossa espiritualidade, nosso optimismo como nação, nossa força e garra, ode também extensiva, a todos fazedores da cultura, homens de verdadeira neura.
P.S. não pensei este post, ele nasceu do nada, igual ao meu caminho. Um post que me mete medo...será que vou morrer?
Nada, hoje é sexta catorze.
Bom, no sábado passado o meu amigo Nero, chamou-me a sua casa. Disse-me ele: irmanito, venha almoçar comigo e por favor traga a sua família. Era o começo deste pequeno escrito.
Lá fui eu, a Zena (minha esposa) e a Zahra (minha filha), e uma vez que ia a casa do meu irmanito, e porque a um assobio da minha casa, fiquei à vontade: chinelos, gangas, uma camisete polo e um assobio estridente cantarolando Zeburani.
Bati a porta e o meu irmanito ao abrir gozava-me: chegou o Jalaludine (pudera se o Jalaludine tivesse a minha massa cinzenta), e rimo-nos por todos motivos que este nome evoca.
Aconcheguei-me na poltrona e reparei que mesmo ao meu lado esquerdo, no canto da sala, estava o tripé, com duas garrafas de um bom vinho gelando.
Sempre que estou com meu irmanito, regrido no tempo, igual à aquela criança irrequieta que mesmo roubada a infância, ainda se lembrava de brincar. Juntos celebramos o riso, riso puro das mil estórias de vida, gargalhamos a valer, e claro, às vezes me irrito, zango mas meu irmanito, tem o dom de me aturar.
Mas bom, não foi para falar das minhas nóias que vim aqui. Queria era, dar-me por feliz, não só eu, mas também o meu irmanito e nossas famílias, em conseguirmos o que muitos procuram (esta vai para o Julio Muthisse=vingança tarda mas não falha), e se encontram, nunca em igual oportunidade como a nossa.
É que, a uma certa altura do convívio, liguei para o meu amigo a quem chamo de “poeta das boas essências”, a pedir que se juntasse a nós.
Já agora, deixem-me trazer-vos o testemunho de um homem que aprendo a admirar a cada dia: Hortêncio Langa.
Um homem soberbo sem soberba (arranco as palavras de Júlio Mut(H)isse), duma modéstia impressionante, afável, de trato fácil, respeitador, sempre actual, calmo, sempre disposto a ouvir, até quando devia falar.
E bom, dizia que liguei ao meu amigo Hortêncio e ele veio como sempre vem quando o peço e trouxe consigo, e atendendo ao meu pedido, a sua guitarra, musa que ele sabe tratar.
E tocou; tocou um tema que nunca havia tocado, tocou ainda “Maputo”, “Alirhandzo”, “Hodi”, e eu e o meu irmanito sempre a fazermos os coros. Verdade que a desafinar, mas acreditem, estava ali o forte daquelas canções: o trato fino na guitarra e voz de Hortêncio, e as nossas trapalhadas.
Oportunista como sou, tive o cuidado de registar estas canções no meu telemóvel e um dia, não estranhem se aparecer numa das tantas “labels” da capital, um CD de Hortêncio, Nero e Modaskavalu.
E nem se atrevam a questionar se Nero e Modas, cantam porque nós gritamos menos que alguns MC’s da praça.
Hoje, sexta feira, dia catorze de Agosto de dois mil e nove, a menos de dezasseis dias do primeiro aniversário da minha filha, acordei com vontade de ouvir as canções que captei naquela noite memorável e enquanto escutava, apercebi-me como a vida é bela.
Ode aos meus amigos Hortêncio e Nero a Zahra minha filha (Zena e minha esposa), que sabem me devolver o sorriso, até quando a vida me nega.
Ode aos fazedores de cultura desta terra, poetas destinados a castigos imerecidos de não reconhecimento, mas que resistem mesmo assim.
Mas esta ode, também se estende aos outros meus amigos que estão sempre comigo, mesmo quando distantes: Duma (filósofo mor), Júnior, Baúque, Mutisse (irmão na causa), Ouri (das trincheiras), Ximbi, yndo, Nyiki(irmanitas), Ndapassoa, Machel, Mapengo, Shir, Chacate, Saiete,Bayano, Nyabetse, Langa, Macamo, Muthisse mais velho, Vaz e a todos que escrevo em off para meu coração sentir, a mensagem é de vivas a nossa cultura, a nossa espiritualidade, nosso optimismo como nação, nossa força e garra, ode também extensiva, a todos fazedores da cultura, homens de verdadeira neura.
P.S. não pensei este post, ele nasceu do nada, igual ao meu caminho. Um post que me mete medo...será que vou morrer?
Nada, hoje é sexta catorze.
Amosse Macamo
12 comentários:
Hawena Amosse, perdeste meu número?
ka ka ka ka ka por acaso tenho todos os numeros e em decor
Vou te processar...
Amosse, O Grande! Abraços e estamos juntos
Oi Amosse
Adorei o título e o espírito do texto, uma homenagem a vida, a familia aos amigos.
Li algures uma frase que dizia qualquer coisa como“ a tragedia da vida não está no facto desta terminar muito cedo, mas no facto de levarmos muito tempo a iniciá-la…”
Numa altura em que o” Vasikate va Moçambique” completa 1 ano de VIDA, e que passei o fim de semana com meu filho de cama, nada melhor que ler estes ecritos que nos inspiram a Vida.
Viva a Vida!!!!
PS: Hiii Amosse, por favor poupa-nos desse CD, já imaginou uma mistura de cacana, com pudim e mayonnaise eishhh
Julio, eu sei o momento e a ocasiao, para acalmar os teus nervos (dia 05 se aproxima)eu e Nero estamos com tudo....e te pergunto Julio: ainda me vais processar?
pudera ka ka ka ka
Vaz, bom sempre vieste ao Modas. bem vindo e 'e mesmo boa a ideia de estarmos juntos...um abraco a ti e as ideias
Yndongah,melhoras para o teu menino, melhoras mesmo. felicidades as Vasikates por este um ano, e sinceramente, nao aguentei com essa de mayoneise com cacana...ka ka ka ka ka
Amosse,
O "post" não mete medo porque não vais morrer...este e outros "posts" são daqueles provocatórios...criam sede (uthoza)...terminado o texto tenter revivar o Bau pra ver se encontrava os "registos" nada "mbunya"...mas soava ao fundo...pena que não domino o pincel, gostava de pintar este texto, usado acrilico numa tela sem medidas e o mesmo deixar exposto para na Praça da Vida...
Um abraço
e eu ali do lado sem direito à convite. tanto queria ouvir maputo. por acaso cruzei-me com o hl no espectáculo do joão cabral. onde estavas? acho que amanhã vou-me encontrar com o cabral e amâncio. dou-te um toque
Amosse,
Desta vez me trairam!
Hewena Bayano,
Eu te convidei mas não viestes... Malandro. Ngingiratane, passarinho malandrote. Para a próxima vou te convidar e estacionar a Força de Intervenção Rápida no teu portão para te obrigarem a compareceres em minha casa.
Hey Nykiwa,
Tens razão. Tú bebes pouco e ficas a entreter-nos com tanto papo que tens. E nós a pensarmos que és dura no copo... Qual quê? Dura és nas ciências que estudam os determinismos tendenciais dos fenómenos humanos colectivos. Isto é: ciências sociomorfas, antropomorfas e quejandos...
Caro irmanito,
Obrigado por teres brindado a minha amada família com a presença excelsa do kota Hortêncio. Aquela voz afável, educada, civilizada e pejada de autoridade científica. Foi um regabofe e tantos...
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