Mamani
Hambi no vona waku ni nyoxissa
Timbilu to banana loku ndzi dzimuka wene mamani
Lava hinkwavo valanguiwike hi mbilu yanga
Akwaku ava lunganga mamani
Oh hiyo io io io io
Niza ni tsama lani ni siku lani niya tsama le
Nani navela ku zhulissa moya wanga mamani
Oh hiyo io io io io
Oh mamani
Kassi udjula niku yini mamani
Swaku nienctha hikuni tsotsitela swanga nova ngwana
Swaku nienctha hikuni possita, swanga nova papela
Swaku yientcha hikuni chavissa swanga nova mpahla mamani
Nili vona hi wene’/nili vona hi wene/nili vona hi wene mamani -Mingas
Mingas; a diva
Mingas é uma voz feminina de alcance estético inigualável. Uma voz que me lembra a harmonia do voo e canto dos pássaros; sim, o encantador voo livre, sem ruídos, sem acidentes, sem tombos; deslumbrante como o último fio de luz do sol que o pássaro atravessa.
Uma voz fresca, intima, de um existir autêntico, explicita, permanente, sólida, que sabe tirar partido de suas falas.
Bom, dirá o amigo leitor que é muita poesia para classificar uma única voz e concordo.
Hesitei muito para escrever sobre Mingas, pois, não reconheço em mim propriedade, para falar de uma poetisa de rigor como ela.
Atravessam-me agora arrepios: mas porque comecei? Agora já não tem volta: devo levar esta tarefa até ao fim.
Numa sociedade como a nossa, exageradamente simplista nas análises e nas categorizações, em que qualquer cantora é considerada e/ou se considera diva, me questiono o que será a Mingas?
A tensão que a resposta carrega, impede-me de dizer metade do que ela seja porque, tal como nas primeiras palavras em que a tentei descrever, dirão: poesia.
Hoje, mais do que a tentativa de dizer quem é a Mingas, escolhi uma canção de nomeação cuja carícia de voz me empolga; trata-se de mamani.
Mamani, simboliza o eterno conflito das mães quererem mandar nos amores das suas filhas (filhos). Em mamani, Mingas questiona: o que queres que eu faça minha mãe? (U djula niku yini mamani?)
Este questionamento põe a descoberto, um pássaro que se quer libertar mas, ao mesmo, sente que não está pronto para o voo. É a voz de uma filha que quer contestar, mas sabe que deve ouvir a voz da razão: a voz materna.
Este questionamento é a queda de uma gota de quem reclama o seu próprio espaço, o livre arbítrio, um visível existir que a mãe a nega, tudo porque sua filha e, logo, com dever de ouvir sua voz.
“O que queres que eu faça mãe, porque, mesmo que encontre quem me agrada, meu coração bate quando me lembro de si (hambi no vona…..)
Um dos traços mais evidentes da sociedade e época em que cresceu a Mingas (falo da sua juventude), tem a ver com a valorização extrema da figura materna que encarna(va) toda a sabedoria, experiência, uma imagem dominante do social, onde as filhas tinham pouco ou nada a dizer na escolha das suas relações afectivas.
Mas esta mulher que Mingas retrata, já tenta, embora não contrariando, questionar esta sociedade quando diz a mãe que “chegas ao ponto de me atiçar como se fosse cão, me envias como de papel me tratasse, e me vendes, como se de roupa me tratasse!”
Ora, não há dúvidas, que esta música é a negação da perspectiva redutora da mulher, da tendência super protectora das mães, dos postulados de extremos em nome do bem-estar dos filhos quando, muitas vezes, o bem-estar pode evocar abismo.
O que queres que eu faça mãe, se meu coração me diz o contrário?
Bom, esta pergunta a Mingas não a lança explicitamente, mas o seu canto, tange a isso, porque seus olhos, seu coração, seu desejo irreprimível de mulher, a indica uma direcção, quando a mãe, quer que ela vá noutra.
Feliz ou infelizmente, grosso de mulheres da geração da Mingas, aceita todos os opróbrios ao lado de um homem que as espezinha por completo, isto porque as mães, mesmo que nessa condição, as convencem de que aqueles são seus homens, quando na verdade são os homens que as mães escolheram para elas.
Este sentimento, está patente na música quando a Mingas, segura de si, diz a Mãe Nili vona hi wene’/nili vona hi wene/nili vona hi wene mamani, no sentido de que olhe o exemplo que és mãe, achas te mulher feliz? Agiu certo a sua mãe em escolher o marido para si? A sua vida de prantos demonstra o contrário, agora; como podes querer o mesmo para mim mãe?
Mamani é um hino contra a repressividade e autoritarismo desse tempo em que as mães ordenavam e as filhas, cegamente, obedeciam numa situação que em nada que se parece com o modernismo que se vive hoje, onde o sonho, a ideia do sexo descomprometido, a ferrada romântica, a ideia de liberdade, não deixam que os pais opinem, tanto mais mandarem no amor dos filhos.
Bom fica aqui em mamani a ideia de oscilação entre dois períodos; um de autoritarismo, mas que mantinha coeso a família, outro de liberdade que hoje se vive mas que a fragiliza.
Mas talvez o mais importante nesta música seja a forma sofrida com que a dona a trata. De um timbre que impõe luta, Mingas vai fazendo desta, dor das demais mulheres, vai celebrando sua dor com o canto, e traída pelo sopro majestoso do Matchote não se contém e chora, mesmo que no silêncio, yio, hio, yó yó yó, yo yo mamane/kasse u djula niku yini mamani “o que queres que eu faça mãe?”
Mingas é sim uma diva, uma verdadeira diva, de têmpera rija, de encanto no canto, meu rouxinol em noites sofridas.
Amosse Macamo
Hambi no vona waku ni nyoxissa
Timbilu to banana loku ndzi dzimuka wene mamani
Lava hinkwavo valanguiwike hi mbilu yanga
Akwaku ava lunganga mamani
Oh hiyo io io io io
Niza ni tsama lani ni siku lani niya tsama le
Nani navela ku zhulissa moya wanga mamani
Oh hiyo io io io io
Oh mamani
Kassi udjula niku yini mamani
Swaku nienctha hikuni tsotsitela swanga nova ngwana
Swaku nienctha hikuni possita, swanga nova papela
Swaku yientcha hikuni chavissa swanga nova mpahla mamani
Nili vona hi wene’/nili vona hi wene/nili vona hi wene mamani -Mingas
Mingas; a diva
Mingas é uma voz feminina de alcance estético inigualável. Uma voz que me lembra a harmonia do voo e canto dos pássaros; sim, o encantador voo livre, sem ruídos, sem acidentes, sem tombos; deslumbrante como o último fio de luz do sol que o pássaro atravessa.
Uma voz fresca, intima, de um existir autêntico, explicita, permanente, sólida, que sabe tirar partido de suas falas.
Bom, dirá o amigo leitor que é muita poesia para classificar uma única voz e concordo.
Hesitei muito para escrever sobre Mingas, pois, não reconheço em mim propriedade, para falar de uma poetisa de rigor como ela.
Atravessam-me agora arrepios: mas porque comecei? Agora já não tem volta: devo levar esta tarefa até ao fim.
Numa sociedade como a nossa, exageradamente simplista nas análises e nas categorizações, em que qualquer cantora é considerada e/ou se considera diva, me questiono o que será a Mingas?
A tensão que a resposta carrega, impede-me de dizer metade do que ela seja porque, tal como nas primeiras palavras em que a tentei descrever, dirão: poesia.
Hoje, mais do que a tentativa de dizer quem é a Mingas, escolhi uma canção de nomeação cuja carícia de voz me empolga; trata-se de mamani.
Mamani, simboliza o eterno conflito das mães quererem mandar nos amores das suas filhas (filhos). Em mamani, Mingas questiona: o que queres que eu faça minha mãe? (U djula niku yini mamani?)
Este questionamento põe a descoberto, um pássaro que se quer libertar mas, ao mesmo, sente que não está pronto para o voo. É a voz de uma filha que quer contestar, mas sabe que deve ouvir a voz da razão: a voz materna.
Este questionamento é a queda de uma gota de quem reclama o seu próprio espaço, o livre arbítrio, um visível existir que a mãe a nega, tudo porque sua filha e, logo, com dever de ouvir sua voz.
“O que queres que eu faça mãe, porque, mesmo que encontre quem me agrada, meu coração bate quando me lembro de si (hambi no vona…..)
Um dos traços mais evidentes da sociedade e época em que cresceu a Mingas (falo da sua juventude), tem a ver com a valorização extrema da figura materna que encarna(va) toda a sabedoria, experiência, uma imagem dominante do social, onde as filhas tinham pouco ou nada a dizer na escolha das suas relações afectivas.
Mas esta mulher que Mingas retrata, já tenta, embora não contrariando, questionar esta sociedade quando diz a mãe que “chegas ao ponto de me atiçar como se fosse cão, me envias como de papel me tratasse, e me vendes, como se de roupa me tratasse!”
Ora, não há dúvidas, que esta música é a negação da perspectiva redutora da mulher, da tendência super protectora das mães, dos postulados de extremos em nome do bem-estar dos filhos quando, muitas vezes, o bem-estar pode evocar abismo.
O que queres que eu faça mãe, se meu coração me diz o contrário?
Bom, esta pergunta a Mingas não a lança explicitamente, mas o seu canto, tange a isso, porque seus olhos, seu coração, seu desejo irreprimível de mulher, a indica uma direcção, quando a mãe, quer que ela vá noutra.
Feliz ou infelizmente, grosso de mulheres da geração da Mingas, aceita todos os opróbrios ao lado de um homem que as espezinha por completo, isto porque as mães, mesmo que nessa condição, as convencem de que aqueles são seus homens, quando na verdade são os homens que as mães escolheram para elas.
Este sentimento, está patente na música quando a Mingas, segura de si, diz a Mãe Nili vona hi wene’/nili vona hi wene/nili vona hi wene mamani, no sentido de que olhe o exemplo que és mãe, achas te mulher feliz? Agiu certo a sua mãe em escolher o marido para si? A sua vida de prantos demonstra o contrário, agora; como podes querer o mesmo para mim mãe?
Mamani é um hino contra a repressividade e autoritarismo desse tempo em que as mães ordenavam e as filhas, cegamente, obedeciam numa situação que em nada que se parece com o modernismo que se vive hoje, onde o sonho, a ideia do sexo descomprometido, a ferrada romântica, a ideia de liberdade, não deixam que os pais opinem, tanto mais mandarem no amor dos filhos.
Bom fica aqui em mamani a ideia de oscilação entre dois períodos; um de autoritarismo, mas que mantinha coeso a família, outro de liberdade que hoje se vive mas que a fragiliza.
Mas talvez o mais importante nesta música seja a forma sofrida com que a dona a trata. De um timbre que impõe luta, Mingas vai fazendo desta, dor das demais mulheres, vai celebrando sua dor com o canto, e traída pelo sopro majestoso do Matchote não se contém e chora, mesmo que no silêncio, yio, hio, yó yó yó, yo yo mamane/kasse u djula niku yini mamani “o que queres que eu faça mãe?”
Mingas é sim uma diva, uma verdadeira diva, de têmpera rija, de encanto no canto, meu rouxinol em noites sofridas.
Amosse Macamo
Arranjo do texto: Dr. Júlio Mutisse, o Subversivo.
36 comentários:
Com agrado, tenho acompanhado a suas postagens sobre estes grandes artistas que a pérola do índico devia orgulhar-se. Fazes uma abordagem sábia e divertida centrada nos artistas e as suas mensagens. O que me deixa contente é o entusiasmo e a vivacidade que transmite nas suas abordagens demonstrado que tens ouvidos apurados.
Subscrevo inteiramente o que acabas de dizer sobre a Mingas.
Tive o privilégio de ver este texto antes de publicado. Olhei para trás, pensei nos tempos em que vivia em Manjacaze e sobre as conversas que ouvia sobre o ideal de marido para as meninas, e na relevância que se dava a estabilidade do lar e da expressão "A Ukati Va kandza hi Mbilo", mais ou menos "o lar é sustentado pela perseverança- que só pode vir do que brota do coração.
Acredito que as mães, a Mingas incluida e todas da sua geração, continuam a tentar fazer passar essa mensagem, se calhar com mais ênfase do que as suas próprias mães já que a sociedade degenerou numa anarquia onde, é possível casar (eu diria despender dinheiro em festa dita de casamento) e descasar amanhã. Onde é possível jurar amor até a morte hoje e espancar, ou mesmo matar amanhã.
A liberdade de escolha que a geração da Mingas começou, timidamente, a reclamar, degenerou na libertinagem que assistimos hoje onde, o conjunto de coisas que as nossas mães sempre disseram constituir o básico no ideal de bom rapaz, é substituido por, APENAS, boa aparência (física, económica etc). Onde um carro, mesmo a andar na reserva todos os dias, é um chamariz para tudo e alguma coisa incluindo orgias sexuais com direito a fotos na net e tudo.
Se calhar esta música nos devesse fazer reflictir sobre as relações que devemos ter com os nossos filhos; sobre a influência que devemos ter na ORIENTAÇÃO das suas escolhas (não escolher por eles) etc, mesclando um pouco a rigidez daqueles tempos, com o ideal de liberdade que caracteriza os tempos de hoje.
Mutisse,
PS: hehehe, percebam a minha preocupação: sou pai de 2 meninas e tenho mais 3 sobrinhas (minhas filhas tb) Mutisses. Sentirei vergonha loko vo tsandziwa hi ukati (se o lar delas falhar).
Sem falsos pudores: se qualquer uma se considera Diva ou Rainha de qualquer coisa, a Mingas não faz parte desta galáxia.
Teria e tenho dificuldade em chamá-la DIVA num país onde imperam ouvidos pouco apurados que mentalizaram que Diva é aquela que o marketing e a publicidade a popularizaram como tal, esquecendo que o estatuto de DIVA se conquista, não é um atributo marketingológico ou publicitário.
Mingas não é DIVA. Está muito longe, muito acima do que se convencionou chamar diva em Moçambique.
Ainda vou pensar no que ela é. Mas chamá-la DIVA é reduzí-la e colocá-la num pedestral comparável a qualquer cantarina que ouse dizer tratar-se de DIVA.
amosse,
mais uma clássica. é engraçado como algumas músicas mantêm-se perenes e cada audição traz algo novo - o som do alfinete, os pratos, etc...
mas quero discordar com a caracterização que se faz da mingas. a mingas não é uma diva. no meu entender, diva é uma daquelas cantoras que procura notariedade a todos os custos. vejam a madonna, por exemplo. a mingas está muito acima da classe duma diva.
Amigo Mutisse,
PS: hehehe, percebam a minha preocupação: sou pai de 2 meninas e tenho mais 3 sobrinhas (minhas filhas tb) Mutisses. Sentirei vergonha loko vo tsandziwa hi ukati (se o lar delas falhar).
Mutisse, levantas no teu comentário questões muito profundas
Devemos sim reflectir e muito na educação que queremos para os nossos filhos, lembro-me de ouvir uma mãe a reprimir o filho, porque o tinha metido na escola Portuguesa para se relacionar com gente da “alta” e não com o miserável do vizinho com que insistia brincar:
O miúdo respondeu com duas palavras: com o miserável aprendo muita coisa boa e com a dita “alta sociedade”, quase nada.
Da questão do rapaz ideal, não tem nada a ver com a inteligência, bom trato, sensibilidade deste em pensar o outro, com um curso superior, mas sim com o material, onde se pergunta se é filho de quem, se tem dinheiro, se pode bancar a família, pois, o resto, é tratado como resto.
Esta de Ukati va kandza hi mbilu, está completamente relegada por um plano que nem podemos chamar ultimo, porque, há outros valores (não valores), que hoje se defendem e que se diga, esta questão das novelas, veio tornar mães, amigas das filhas (o que não é errado), errado, quando a mãe, não sabe quando deve ser amiga e quando deve assumir o papel de mãe.
Mutisse, sou também pai de duas meninas e não sei sinceramente o que me espera amanha, porque de como estão as coisas, meu Deus…
Terá valido a pena o estatuto que a Mingas reclamava? Vale a pena questionar
Shir, as minhas escritas são atravessadas fundamentalmente pelas línguas shangane e ronga e sei meu amigo que estas, não são o seu forte, pelos motivos óbvios: o meu amigo é da Beira, mas, o facto de mesmo assim, procurares alguma verdade em que possas te agarrar, já me faz sentir muito bem amigo Shir.
Obrigado por sempre passares do Modaskavalu e mesmo, que não entres como entraria alguém do Sul pela sua condição, continuas a procurar. e este exercício de procurares que te torna um homem “entre o céu e a terra”.
E me desculpe por inverter a ordem das respostas, abraço
Amigo Bayano, o teu posicionamento não me espanta, porque sei que sempre me vasculhas uma fraqueza e ainda bem, rs rs rs rs
Mingas é sim uma Diva, só que, não a da nossa classificação. Vi há dias, uma peça de publicidade de um espectáculo da La Biba e La Santa (nada contra estas(es), em que as chamavam diva de salto alto?!
Divas?
Bom, vou falar com amiga Nyabetse, que tratou melhor este tema, para me subsidiar, mas que se diga, que Mingas é uma Deusa do canto sim, mas que difere logicamente da Madona e outras pseudo Divas…
Mas se pretendemos olhar Diva, na nossa conotação, Mingas nunca seria uma Diva, seria sim esta humilde poetisa que é, mas que sabe tocar no mais lidimo sabor mocambicano
Belo texto, sobretudo pelo fundo poético....
O “desabafo” da mingas descreve fim da era em que relacionamentos eram "arranjados" pelos pais, onde a escolha e o sentimento não eram tomados em conta e que ainda assim as nossas mães se orgulham desses tempos pois, como mesmo disseste mantinham a familia coesa, provavelmente porque não existia atracção física, amor, emoção etc, sentimentos esses que apesar de essenciais, a cada dia que passa tornam-se muito difíceis de sustentar e /ou manter.
É linda esta música, e p’ra mim mingas é uma diva sim!No meu entender diva é aquela que aglutina em sí o maior número de qualidades, não só artisticas mas de beleza, comportamento, carisma enfim uma referência.
E mais, acho que ao lhe dar o título de diva não estou a reduzi-la muito pelo contrário. Penso que ao procurarmos encontrar um título acima de diva para mingas estaremos a acomodar as pseudo-divas.
Mutisse : Podes até sentir-te triste se o ukati das meninas falhar, mas vergonha não por favor!
Mutisse, não divergimos no fundo e a explicação é a mesma que dei ao Bayano, porque se diva é aquilo que convencionamos chamar em Moçambique, Mingas não é, agora se de facto o clássico que sempre foi, Mingas é e com maiúsculas.
Há quanto tempo amiga Yndongah
Bom tê-la de volta e bom mesmo quando coincidimos na apreciação do mesmo facto, porque de facto, Mingas é uma verdadeira DIVA, uma mulher com todas qualidades para pisar outros palcos e dos outros mundos.
Interessante a ideia de “desabafo” que lanças, porque me ocorreram todas as palavras menos essa e que se diga; sustenta-se e bem.
Impossível reduzir a Mingas, porque uma mulher que não se revela nos programas da Televisão, mas sim no seu canto.
Como ee linda a nossa musica!
GMuthisse
Este espaco nao me cansa de surpreender, apesar de estar com algumas dividas para comigo...
Adora mamani e sempre que a escuto, em companhia da minha mae, sinto como se estivesse a ser eu a cantar para ela.
Feliz ou infelizmente os tempos mudam e nao sigo fielmente a poesia de Mingas nesta cancao> nada me fara ficar com o homem que nao me merece ou respeite.
Mutisse, nao sentas vergonha pelo fracasso do lar das tuas 5 filhas. Aquele ditado que diz antes so do que mal acompanhado, da alento a essa tua preocupacao!
Meu caro amigo Muthisse, a nossa musica, tem tudo para vingar e acredito que uma dia, far-se-a a volta, para perceber que a maior riqueza que temos vem do passado e se presente, com uma projeccao e influencias fortes do passado
Ximbitane, sei que estou em divida consigo e acredite, vou trabalhar para saldar essa divida, se bem que sou um bom pagador de promessas.
importante para a mulher romper com este estado de coisas, mas ao mesmo, acredito que a mulher tem a capacidade e forca de corrijir um comportamento desviante, pelo que antes de levar as maos ee importante nos questionarmos se ee de facto altura ou nao.
oi amosse, fiz um search pelo youtube e net. Infelizmente, não consegui encontrar mingas. alguma dica de onde posso ouvi-la neste mundo virtual-globalizado-youtubiano?
Abraços
Sueli, ola, devo dizer que em parte a culpa é minha em nao disponibilizar a musica de que falo no meu blog e lhe digo já que esse é um desafio para breve.
pode ir ao www.mbila.blogspot.com e tenho a certeza que vai encontrar qualquer coisa da Mingas e de muitos outros interpretes mocambicanos...
nao bata a porta....
Amosse
Uma vez escrevi para Ouri Pota sobre Mingas. Acabava de ver uma actuação dela na abertura do espectáculo (belo) da Mart’Nalia, filha de Martinho da Vila. Foi daquelas noites que a canção “komane a dambu dzinga peli (penso que é assim para dizer algo como “não deixem anoitecer”) parece fazer sentido, neste caso para dizer que o espectáculo não chegasse ao fim. Mas o espectáculo teve uma grande marca inicial, com abertura de Mingas.
Escrevi para Ouri o dizendo que mesmo com a beleza da música da Mart’nália, achava injusto ser Mingas a abrir o espectáculo dela. Eu olhava simplesmente para o lado de espectáculo e acreditava, ainda, que o saboroso fica para o fim. Sendo assim Mingas devia ter ficado para o fim. Estava a ser egoísta por pensar só no meu prazer. Ouri Pota me fez compreender isso. No entanto o mesmo sentimento me voltou a dias quando João Cabaço foi convidado para abrir o espectáculo da Adriana Calcanhotto. Mas dessa vez foi o próprio João que me alertou para outras necessidades que superam o simples valor artístico.
Isto para dizer que há artistas que nunca deviam ser aperitivos para um grande espectáculo porque eles já são um espectáculo. Mingas e João fazem, quanto a mim, parte desse clube restrito.
Amigo Mapengo, não me engano, é a primeira vez que entra formalmente por esta porta: hoyo hoyo.
Compreende-se o seu egoísmo, porque quando o aperitivo é da dimensão da Mingas ou Cabaço, evade-nos sempre a dúvida; é que, a refeição principal, pode não superar o aperitivo.
Mas, me congratulo amigo Mapengo e usando estes dois exemplos que trazes, pois já há uma viragem que se sente por parte dos realizadores de espectáculos musicais, pois, se a uns meses, quem acompanharia a Calcanhoto internamente seria um pandzeiro ou dzukuteiro, a coisa agora muda e ainda bem…
Sempre se dirá que algumas falhas aqui no meio só perceberemos depois, porque, por enquanto, estamos desejosos de ver a luz, e esta, pode vir com alguma intensidade e nos cegar.
E já agora, que estamos à caminho do festival do Jazz de Maputo, deixe-me provocá-lo: achas que haverá enquadramento, em alguns nomes que são avançados, para lá actuarem? Ou por outra, dispensa-se e temos que entender um Hortêncio Langa fique de fora, num festival como este para no seu lugar(e ou de outros que fazem, uma minha próxima a do festival) a Lizha?
Se não me responderes Mapengo, vou aceitar.
Obrigado, por dispensares seus afazeres, para passares deste cantinho, que cada dia que passa deixa de ser meu
Pois, Lizha no MozJazz? Soa-me a camisa amarela...
Amosse
Isso é exactamente uma provocação.
Tenho dificuldades em delimitar o “jazz”. O que seria realmente Jazz?. Esta questão começou a se fabricar exactamente há uma ano quando começou Mozambique Jazz Festival. Juro que eu sabia o que era Jazz. Ou pelo menos eu achava que sabia até ver este festival. Este ano, apesar de aplaudir a existência de 90% de músicos moçambicanos, tenho a certeza que não sei mais nada. Como perguntou um amigo músico que toca o que eu antes achava que era jazz: “Lizha ia gostar se num festival de pandza e dzukuta nós fossemos tocar Jazz?”
Lamento Amosse, agora não sou capaz de te responder. Tenho de ver os meus conceitos. O MozJazz baralhou tudo.
Ximbitane, camisola amarela sim, veja, se andamos assim, quando chegar a vez da Vodacom, assistiremos ao Patrão e Maboazuda.....assim andamos nós (andamos?)
Mapengo, o TPC é nosso, vamos repensar o conceito juntos. Talvez a ideia seja de não “fartar” as pessoas de tanto Jazz, pondo no meio do Espectáculo a Lisa, para nos tirar o cansaço.
Mas se vou ao festival de Jazz, espero ouvir mesmo Jazz e se me fartar fartei-me com Jazz. (esta me faz lembrar a historia de um amigo que diz em plena visita a um outro amigo num hospital que “cheira comprimidos aqui”) apeteceu me perguntar o que era suposto cheirar num hospital; peixe?
Me fazes rir com essa de mercado/hospital. Aceito esse TPC.
A partir de momento que lançam publicidade a nos dizerem que vamos ao festival de Jazz começamos a construir ideia daquilo que será realmente o festival. Seria no mínimo patético ir ao jazz esperar por dzukuta para uma pequena pausa. É claro que o espectáculo pode vir a ser uma seca (espero que não seja, de verdade) mas a alternativa não é apelar a outros estilos. Se for uma questão da “amarelo” também se pode pintar o jazz e ninguém irá questionar.
Mas, repito Amosse, que ainda estou baralhado. Agora prefiro refugiar-me nesta, se me perguntarem o que é jazz: “eu sei o que é girafa mas se me perguntares o que é girafa não saberei te dizer.”
Hehe Amosse, também me fazes rir com essa do hospital, aliás tu és um grande contador de histórias para cada facto há sempre uma história a condizer.
Olha eu também fiquei parva quando vi a Lizah na lista até me perguntei quem são os reais “jazzman” daki da terra?
Mas fim de semana passado vi um debate (na verdade é um bate papo) na tv onde estavam de entre outros o stewart, o nelson camal da 9fm e o riaz (acho k é da mcel) e surgiu essa questão, lembro –me que diziam que escolheram a denominação jazz festival porque como todos sabem o jazz é vasto e acabamos encontrando em todos os rítimos um pouco de jazz (sic), lembro me que stewart contou um pouco sobre a história do jazz, o riaz para enfatizar dizia que coisas dessas acontecem em todo o mundo, deu até exemplo do rapper jay z que abriu um festival de rock ...
P’ra mim isso é uma questão de marketing, estes jovens dzukuteiros arrastam massas, vale a pena contratá-los para ter as salas cheias.
um verdadeiro refugio esse meu amigo Mapengo "do estilo é aquilo que sei, mas que nao poderei te responder se me perguntares", ka ka ka ka ka
vamos ao festival em todo caso e vamos brindar a fusao.
Yndongah, porque nao a Irinah, por exemplo? quem jsutifique sabe sempre que nao explixou bem. nao me parece razoavel, que o meu amigo Stewart tente justificar o convite que lhe foi enderecado. de facto o jazz é vasto e Liza é prova disso.
claro que é marketing Yndo, claro!
Tudo bem Yndongah. Acho que Stewart (como a cara), Nelson (como organizador) e Riaz (como patrocinador) não podiam dizer uma outra coisa. Me surpreenderia se aparecessem a dizer de facto a Lizah está desenquadrada. Para mim essa de “a designação é vasta” é a forma mais simples de olhar as coisas de uma forma clara. Se formos ver tudo é vasto pois, como diriam os filósofos, tudo está em tudo. No entanto, penso que jazz em princípio é música e, como tal, tem todas as bases de música. Mas é preciso ver que jazz tem suas próprias características e não vamos estar aqui a inventar. Acredito que se pode jazzificar o pandza porque o jazz permite isso, como a marabenta (gosto quando se mete rap nela) também o aceita. Neste caso que façam isso.
O mesmo acontece com a ideia de que “em todo o mundo faz-se isto.” É claro que não podemos nos alhear do que acontece no mundo. Mas será que o que todo o mundo faz é o que está certo?
Socorrermo-nos na ideia de que dzukura e pandza arrastam a multidão é não sabermos exactamente o que queremos. Prefiro a ideia de músicos que preferem 100 pessoas no seu espectáculo que sabem claramente que estão lá para curtir o som.
sabias palavras, esta me faz lembrar as palavras de um musico amigo que diz saber da importancia do musico tocar a noite em pubs e companhia, mas dizia ele, so nao sei se as 23 horas e num pub, sou aplaudido, pela minha boa musica, ou porque o álcool, já subiu em quem ouve e qualquer som é bom.....em todo caso, fica esta de que em tudo mundo se faz...como se nao existisse maiorias loucas.
Claro. Não sou pelas ditaduras, mas nem sempre a maioria tem razão.
Interessante diálogo este vosso. Não fui ao MozJazz, o Chonguiça veio justificar a sua não actuação, não sei de outras peripécias.
Mais uma vez os organizadores não conseguiram despir a camisola (amarela por acaso) para olhar para verdadeiros monstros do Jazz que andam escondidos por este vastíssimo Moçambique... é fácil falar do Hortêncio Langa, da minha amiga Irinah, do João Cabaço (que voz Meu Deus) porque seu talento nos invade a todo o tempo, mas estes festivais deviam ter o condão de nos apresentar não só os consagrados (como seria o caso do Hortêncio e do João) mas, também, de consolidar a Irinah e nos apresentar aquele desconhecido que toca no bar da esquina cujas sonoridades são, verificadas e aceites por quem tem competência o suficiente para esse efeito.
Acho que o festival do ano passado, com dois palcos etc e magistralmente organizado criou nos grandes espectativas. Ali desfilaram bandas que eu nunca tinha dado relevo, hoje estão entre as minhas preferidas.
Aló amosse! Bela postagem esta meu irmão. abraços
Mutisse, concordo. um festival, deve ter a capacidade, de conseguir trazer o tipo que toca na esquina, mas com um trato impar e eh para isto que servem os efstivais: confirmando a grandeza de uns, como foi o caso de Massekela e Norman, neste festival, mas tambem, direccionar nosso ouvido para o estranho, fazendo com que prestemos atencao no mesmo.
o festival do ano passado ficara ne memoria, por todos motivos evocaveis
Irmao Chacate, ha quanto tempo. obrigado e sei que ando em falta consigo, (ha muito que nao vou a sua casa, mas irei) outro abraco meu bom irmao
mpoyombo, só hoje é que li esta postagem. excelente! a voz da mingas nao tem igual. e o verso "nili vona hi wene, mamani..." é poderoso como documento de ruptura, uma ruptura que está sempre a acontecer. parabéns!
Professor! Mingas superou-se nesta m¬úsica e soube com mestria traduzir o que lhe ia na alma e de facto o verso “nili vona hi wene mamani…” é poderoso como documento de ruptura e sempre actual.
Enche-me sempre de alegria a sua passagem pelo modaskavalu…na khensa.
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