Ghorwane: uma vez rei, sempre rei
Foi uma noite inspirada, uma noite de liberdade, de aventura, de volta, com melodias que proporcionaram aos presentes uma espécie de embriaguez prenhe de entusiasmo e fervor.
É que, não víamos Ghorwane a actuar já faz um tempo, pelo que antes do reencontro com a banda, o receio tomou conta de todos nós, onde não podíamos deixar de questionar, que Ghorwane nos esperava naquela noite?
Os que chegaram cedo, devem ter se apercebido, logo na primeira musica que Ghorwane, continuava a mesma banda de sempre, e que, as longas ausências no palco, só trazem, mais magia, mas espontaneidade, mas vibratilidade, mais profissionalismo, sim, Ghorwane confirmou que quem já foi Rei, nunca perde a majestade.
Infelizmente, não cheguei a hora marcada para o concerto, pelo que escusado falar do que não vi e pelos outros. Na verdade, cheguei as 23 e 10 no momento em que a banda tocava a música Massotchua de Zeca Alage.
Insólito
Não é normal em Moçambique a lotação de um espectáculo esgotar. Mas, o de Ghorwane esgotou.
Encontramos na entrada uma multidão de pessoas de certa forma revoltadas e desoladas, isto porque, não mais podiam entrar, porque os bilhetes estavam esgotados; “isto não pode estar a acontecer”, pensei comigo.
Sorte e fruto de conspiração dos Deuses da arte (sei que existem), um casal de 4 pares, ia desistir de entrar, justamente porque contavam comprar bilhetes para o segundo par no espectáculo. O outro par já tinha os bilhetes e foram esses que comprei para poder partilhar convosco estes bocados.
Mesmo com os bilhetes na mão, a equipe do protocolo, não mais nos queria deixar entrar, porque casa esgotada, contudo, valeu o bom senso do chefe do protocolo que desbloqueou os caminhos para a nossa entrada.
Foi uma noite inspirada, uma noite de liberdade, de aventura, de volta, com melodias que proporcionaram aos presentes uma espécie de embriaguez prenhe de entusiasmo e fervor.
É que, não víamos Ghorwane a actuar já faz um tempo, pelo que antes do reencontro com a banda, o receio tomou conta de todos nós, onde não podíamos deixar de questionar, que Ghorwane nos esperava naquela noite?
Os que chegaram cedo, devem ter se apercebido, logo na primeira musica que Ghorwane, continuava a mesma banda de sempre, e que, as longas ausências no palco, só trazem, mais magia, mas espontaneidade, mas vibratilidade, mais profissionalismo, sim, Ghorwane confirmou que quem já foi Rei, nunca perde a majestade.
Infelizmente, não cheguei a hora marcada para o concerto, pelo que escusado falar do que não vi e pelos outros. Na verdade, cheguei as 23 e 10 no momento em que a banda tocava a música Massotchua de Zeca Alage.
Insólito
Não é normal em Moçambique a lotação de um espectáculo esgotar. Mas, o de Ghorwane esgotou.
Encontramos na entrada uma multidão de pessoas de certa forma revoltadas e desoladas, isto porque, não mais podiam entrar, porque os bilhetes estavam esgotados; “isto não pode estar a acontecer”, pensei comigo.
Sorte e fruto de conspiração dos Deuses da arte (sei que existem), um casal de 4 pares, ia desistir de entrar, justamente porque contavam comprar bilhetes para o segundo par no espectáculo. O outro par já tinha os bilhetes e foram esses que comprei para poder partilhar convosco estes bocados.
Mesmo com os bilhetes na mão, a equipe do protocolo, não mais nos queria deixar entrar, porque casa esgotada, contudo, valeu o bom senso do chefe do protocolo que desbloqueou os caminhos para a nossa entrada.
ouvia-se nesse instante Massotchua; eram 23 e 10.
O espectáculo
A Banda Ghorwane, mostrou que não só trabalha com os instrumentos, como têm vontade de os dominar e submeter; sim, no sentido de os instrumentos fazerem exactamente, o que eles querem.
De fora, parecia estar a ouvir um disco a tocar, tive, de entrar na estreita Rua de Arte, que ficou mais estreita no sábado, para confirmar: é a banda a tocar.
Instantes depois, de massotchua, seguiu-se Majurragenta e no fim as pessoas gritavam bis; então podemos acabar com o espectáculo? Questionava o Chitsondzo.
Um não fervoroso e sofrido foi ouvido. Então porquê pedem bis, enquanto ainda estamos a cantar e vamos trazer mais canções?
O pedido de bis, surgiu porque, o David Macuácua, sabe ser e não ser quando canta Majurragenta, já me explico:
Macuácua, quando canta esta música, sai de si, para dar ao seu corpo, a alma de Zeca Alage e meia volta, desperta num esforço inconsciente onde ele mesmo, dá o seu cunho a música: sublime!
Por isso o bis, mas, vibraria mais o público com a música Xai-Xai bem alicerçado por um saxofonista de têmpera rija, que entre sustenidos, ia-nos levando numa viagem de canoa e em águas límpidas, para uma terra que viu nascer estrelas: Xai.Xai.
O facto de ter chegado tarde ao espectáculo, trouxe-me receios fundados: não sabia quantas músicas tinha perdido, e se as músicas perdidas eram aquelas porque tanto ansiava ouvir.
Uyo mussiya kwini de Pedro Langa, era uma das músicas que espera ouvir e foi, a música à seguir a Xai-Xai.
Em tal imaginário, fui buscar Pedro Langa na voz do Roberto Chitsondzo e percorri distâncias conhecidas e desconhecidas: sim, a da vida e da morte.
Viajei distâncias numa canoa de sons executados com totalidade. Sim, numa completude e perfeição que não me deixou, mais pensar na morte, senão, na celebração da vida e por uns instantes, ressuscitei o Pedro Langa.
Vana Va Ndota foi a música que se seguiu e com ela, seguiu-se também o delírio, pois, a banda, numa interacção com o público, fazia um brake e quem ficava Ghorwane éramos nós o público.
Esta música, carrega também consigo algumas mortes que não consigo matar, como diria a minha amiga Nyabetse: as minhas mortes.
Veio a seguir, Beijinho e fiquei extasiado e ao mesmo, com receios de que aquela fosse a última música da noite. Ao meu lado, desfilava um grupo de estrangeiros, que se diga moças lindas a quem dediquei o my kisse’s your kisse’s honey, tive depois que explicar que era casado.
O Macuacua falou depois que, aquele era o espectáculo de abertura e que seguir-se-iam, muitos outros. E porque entendi, que aquele era uma espécie de mensagem de despedida, eu e os Matines (Jorge e Eduardo), gritamos por mais cinco músicas.
Veio a Ku hanha para fechar a noite.
E no final?
Veio a frustração do espectáculo ter que terminar, o delírio e a apoteose, a lembrança de um tempo que se tornou realidade, a saudade contraditória e paradoxal, a identidade, o orgulho de ter ainda referências.
O concerto, foi como que uma devolução da auto-estima, de identidade perdida em noites do nada fazendo só kahtla, foi assim bem interpretado o momento, pelo próprio Xitsondzo que disse ser aquele, uma forma de isolar a mediocridade, um apelo, forte de fixação e enraizamento.
A ideia final é a de que o espectáculo soube a pouco, porque queríamos mais, mais e mais. Mas, é como diz o poeta de Ndavene que “xicafo xau lombe va kampfula na shaha lombela”
Curioso
Não vi fixado em qualquer parede da rua de arte e/ou palco, algum dístico de patrocínio do espectáculo de Gorwane, o que me fez, pressupor, que aquele, era fruto do esforço próprio do grupo.
Na verdade, esta informação acabou sendo confirmada por David Macuacua numa conversa telefónica que tive com ele no Domingo.
Trechos da conversa com Macuacua
Liguei para o felicitar do majestoso espectáculo, mas também, para reclamar do lugar escolhido para o show de inicio do ano.
Macuacua, na sua característica fala mansa, explicou-me primeiro que o espectáculo, era fruto do esforço próprio da banda, e aquela casa, (Rua de Arte) tinha sido, a que se abriu ao espectáculo de Ghorwane.
Explicou-me que o grupo tinha de começar por algum sítio, (valeu a pena naquele espaco, que em nenhum) , para além de que, se pretendia com aquele espectáculo, medir a verdadeira temperatura entre o grupo e público.
Explicou-me ainda que o grupo era contra aos pedidos. Não que não precise de apoio, mas, não deixariam de existir e actuar, só porque os seus espectáculos não eram patrocinados e o ultimo sábado, foi o exemplo.
No fim, era eu a desculpar-me, porque tem coisas que quem está por fora, não pode compreender.
E é difícil compreender que um grupo da dimensão de Ghorwane enfrenta algumas faltas, dificuldades.
Houve superior mestria e perfeição na Rua de Arte sim meus senhores.
Amosse Macamo
P.S. minhas desculpas a Ximbitane, que liguei para ela na madrugada, confiando que estivesse na Rua de Arte…desculpas mana, por te acordar tão tarde ,mas perdeste sabes?
O espectáculo
A Banda Ghorwane, mostrou que não só trabalha com os instrumentos, como têm vontade de os dominar e submeter; sim, no sentido de os instrumentos fazerem exactamente, o que eles querem.
De fora, parecia estar a ouvir um disco a tocar, tive, de entrar na estreita Rua de Arte, que ficou mais estreita no sábado, para confirmar: é a banda a tocar.
Instantes depois, de massotchua, seguiu-se Majurragenta e no fim as pessoas gritavam bis; então podemos acabar com o espectáculo? Questionava o Chitsondzo.
Um não fervoroso e sofrido foi ouvido. Então porquê pedem bis, enquanto ainda estamos a cantar e vamos trazer mais canções?
O pedido de bis, surgiu porque, o David Macuácua, sabe ser e não ser quando canta Majurragenta, já me explico:
Macuácua, quando canta esta música, sai de si, para dar ao seu corpo, a alma de Zeca Alage e meia volta, desperta num esforço inconsciente onde ele mesmo, dá o seu cunho a música: sublime!
Por isso o bis, mas, vibraria mais o público com a música Xai-Xai bem alicerçado por um saxofonista de têmpera rija, que entre sustenidos, ia-nos levando numa viagem de canoa e em águas límpidas, para uma terra que viu nascer estrelas: Xai.Xai.
O facto de ter chegado tarde ao espectáculo, trouxe-me receios fundados: não sabia quantas músicas tinha perdido, e se as músicas perdidas eram aquelas porque tanto ansiava ouvir.
Uyo mussiya kwini de Pedro Langa, era uma das músicas que espera ouvir e foi, a música à seguir a Xai-Xai.
Em tal imaginário, fui buscar Pedro Langa na voz do Roberto Chitsondzo e percorri distâncias conhecidas e desconhecidas: sim, a da vida e da morte.
Viajei distâncias numa canoa de sons executados com totalidade. Sim, numa completude e perfeição que não me deixou, mais pensar na morte, senão, na celebração da vida e por uns instantes, ressuscitei o Pedro Langa.
Vana Va Ndota foi a música que se seguiu e com ela, seguiu-se também o delírio, pois, a banda, numa interacção com o público, fazia um brake e quem ficava Ghorwane éramos nós o público.
Esta música, carrega também consigo algumas mortes que não consigo matar, como diria a minha amiga Nyabetse: as minhas mortes.
Veio a seguir, Beijinho e fiquei extasiado e ao mesmo, com receios de que aquela fosse a última música da noite. Ao meu lado, desfilava um grupo de estrangeiros, que se diga moças lindas a quem dediquei o my kisse’s your kisse’s honey, tive depois que explicar que era casado.
O Macuacua falou depois que, aquele era o espectáculo de abertura e que seguir-se-iam, muitos outros. E porque entendi, que aquele era uma espécie de mensagem de despedida, eu e os Matines (Jorge e Eduardo), gritamos por mais cinco músicas.
Veio a Ku hanha para fechar a noite.
E no final?
Veio a frustração do espectáculo ter que terminar, o delírio e a apoteose, a lembrança de um tempo que se tornou realidade, a saudade contraditória e paradoxal, a identidade, o orgulho de ter ainda referências.
O concerto, foi como que uma devolução da auto-estima, de identidade perdida em noites do nada fazendo só kahtla, foi assim bem interpretado o momento, pelo próprio Xitsondzo que disse ser aquele, uma forma de isolar a mediocridade, um apelo, forte de fixação e enraizamento.
A ideia final é a de que o espectáculo soube a pouco, porque queríamos mais, mais e mais. Mas, é como diz o poeta de Ndavene que “xicafo xau lombe va kampfula na shaha lombela”
Curioso
Não vi fixado em qualquer parede da rua de arte e/ou palco, algum dístico de patrocínio do espectáculo de Gorwane, o que me fez, pressupor, que aquele, era fruto do esforço próprio do grupo.
Na verdade, esta informação acabou sendo confirmada por David Macuacua numa conversa telefónica que tive com ele no Domingo.
Trechos da conversa com Macuacua
Liguei para o felicitar do majestoso espectáculo, mas também, para reclamar do lugar escolhido para o show de inicio do ano.
Macuacua, na sua característica fala mansa, explicou-me primeiro que o espectáculo, era fruto do esforço próprio da banda, e aquela casa, (Rua de Arte) tinha sido, a que se abriu ao espectáculo de Ghorwane.
Explicou-me que o grupo tinha de começar por algum sítio, (valeu a pena naquele espaco, que em nenhum) , para além de que, se pretendia com aquele espectáculo, medir a verdadeira temperatura entre o grupo e público.
Explicou-me ainda que o grupo era contra aos pedidos. Não que não precise de apoio, mas, não deixariam de existir e actuar, só porque os seus espectáculos não eram patrocinados e o ultimo sábado, foi o exemplo.
No fim, era eu a desculpar-me, porque tem coisas que quem está por fora, não pode compreender.
E é difícil compreender que um grupo da dimensão de Ghorwane enfrenta algumas faltas, dificuldades.
Houve superior mestria e perfeição na Rua de Arte sim meus senhores.
Amosse Macamo
P.S. minhas desculpas a Ximbitane, que liguei para ela na madrugada, confiando que estivesse na Rua de Arte…desculpas mana, por te acordar tão tarde ,mas perdeste sabes?
9 comentários:
Eix, hawena, hutanidlaya! Durmo com os anjos e acordo com as galinhas. Mas tudo bem, nao ha makas, desculpas aceites, alias ja as tinhas pedido no momento justo...
nunca 'e de mais e 'e sempre justo, repetir um gesto e pior, quando se trata de pedir desculpas.
queria que tivesses estado na rua de Arte, porque foi mesmo bonito o espectaculo que Ghorwane nos proporcionou.
Amigo Amosse,
Apesar de teres chegado tarde ao show conseguiste mais uma vez fazer um retrato perfeito da festa.Eu fui, chegeui tarde mas não tão tarde como tú, quando entrei o David Macuácua tava a cantar “gwazamutini”, gosto tanto desta música que já dançava enquanto comprava o bilhete, como sempre fiquei a frente penso que era a 4ª pessoa a partir do palco, dancei até me doerem os pés.Mas tive aquela pontinha de tristeza, músicas como “salamaleco” e ”pim pam pum” fizeram falta sim!
ha Yndongah, fiquei triste por nao ter te encontrado, bem que liguei para si.
bom da sua tristeza em nao ouvir sons como salabude e pim pam pum, nao se preocupe, pois, se prestaste atencao, quem fazia o baixo, era o Carlitos Gove, elemento que saiu com o Jorge Cesar, para formar o Nondje.
bons ventos se aproximam, esta viragem, pode significar muita coisa e nao se esqueca Ghorwane sabe dialogar e buscar suas antigas referencias, Pedro Langa, foi o exemplo, lembras?
fiquei com a impressao de que este ano teremos muito Ghorwane...tomara.
e obrigado pelo elogio amiga yndongah
Pelo retrato, houve mesmo um GRANDE Ghorwane na Rua DArte. Quero essas news no sabado. Um abraco de Nampula... uma mutiana veio me entregar a chave do quarto la vou eu... me acomodar no HOTEL EXECUTIVO sozinho e na vossa companhia virtual heheheh
Mutisse
cuidado com as Muthianas irmao Mutisse. de facto Ghorwane, esta ainda de pe. nao se preocupe no sabado, passo a revista o espectaculo, pelo menos na parte que assisti.
Hum, tas no executivo, entao no Bairro dos Limoeiros, mesmo no centro da cidade de Nampula. ao lado do Hotel tem um pequeno bar de um amigo meu o Valdemar Ferreira (boa gente)
abracos e bom trabalho
Amosse
Devias cobrar as entradas para estes shows gratuítos!
abraço
Sabes, essa do Gove saltou me a vista, e foi a primeira coisa que comentei com a amiga com quem fui ao espetáculo, e se queres saber cheguei até a aventar a hipótese do Jojó e Jorge César saltarem ao palco de surpresa, é so pa veres a minha ansiedade.
Deus te ouça meu amigo, e que eles voltem todos a casa.
PS: Viste como a plateia tava diversificada? Ví os rappers Azagaia e JP, o boss Manecas Tomé, um ex ministro (não me lembro do nome), e muitos mais.
uma plateia linda yndongah, de fazer inveja. so ao meu lado, tinha uma pilha de intectuais e academicos de primeira linha...o Jorge 'e uma questao de tempo, ele volta para Ghorwane, podes crer e penso, como tinha antes dito, que Ghorwane, esta aberto a essa volta.
Patricio, a ideia de cobrar nao 'e ma rs rs rs....thanks por passares do Modaskavalu, onde a musica mocambicana vive....abracos
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