terça-feira, 11 de março de 2008

Modaskavalo

A minha paixão por música é antiga. Na verdade, cresci a ouví-la, que hoje tornou-se este inevitável vício do qual não consigo me livrar.

Nasci e cresci na Polana Caniço e mesmo em frente á minha casa, havia lá uma senhora que era curandeira e em certos dias de semana, ouvia-se aquelas canções melódicas com sabor a batucada, vinte metros mais á frente tinha um templo da seita sião (maziones), onde também o improviso da batucada e cantos exaltados me extasiavam. Em casa, não me escapava nenhuma canção da Rádio Moçambique no “National” memória das minas de rand do meu velho e querido pai Macamo e quando saia para brincar era inevitável cantar, “loko ni dentro Maputo, ni khumbuca Teresa wa mina....” e muitas outras canções que povoavam o meu imaginário de criança sem escolha, sem vídeo games e todo o mundo electrónico que hoje se oferece.

E era feliz, muito feliz......quando finalmente veio a Televisão experimental, pela primeira vez, experimentei ver algumas caras que já ouvia na Rádio, como o Fany, todos da Orquestra Marrabenta e os demais.

É a mesma música que dirigiu minha vida e me fez este homem que sou hoje, a música de ontem, alguma que é feita hoje mas com licores de ontem. E sempre que a escuto revisito a minha infáncia e perco-me na certeza de que se não forem tomadas medidas algo se vai diluindo e nada restará senão o pó, donde afinal viemos.

Esta página, além de ser a recordação da minha infância, pretende ser uma singela homenagem aos fazedores de boa música moçambicana, em todas as suas vertentes, onde abre-se espaço para debate, critica, soluções e muito mais.

Espero contar consigo, para esta viagem, que acredito ser de todos nós, porque necessária.
E não pensei noutro nome, senão, o Modaskavalu popularizado por Mahecuane num tema tocado com Fany em 1955 e posteriormente acolhido por todos executores de Marrabenta......vem irmão, vamos caminhar juntos, neste meu, teu, nosso Modaskavalu.

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