quinta-feira, 27 de novembro de 2008

e esta?

Loko se anio swi tiva tolo, anga nio rhandza shi khangalafula sha wansati
ati penda penda ati penda penda, ingaku yi galagala, aswi khosha swa mina swa mutchava: hi lowu hawu mupfana ndzuwena.....Alexandre Langa (se soubesse (tivesse adivinhado), casava-me com qualquer mulher....esta minha que a sua pintura ate se confunde com gala gala (pintura da mulher com quem se casou), ate os meus pais sentem medo, nao fossem minhas manias de arranjar uma "freak", ha ha ha ha eu diria, medico cura-te a ti proprio, quando namoravas ou Alexandre, nao vias que a sua menina se pintava? vais, agora reclamar porque os teus pais nao aprovam? malandro a mulher ºe sua e arranje-se. ha ha ha ha ha bom fim de semana a todos e aroveitei recordar aqui, o Alexandre Langa, um homem que escreveu com a sua musica, o pulsar social deste pais e que sera, materia da proxima postagem aqui no Modaskavalu, marrebenta.....
P.S. e porque estamos em mes de nao violencia contra a mulher, porque nao recordar uma outra musica deste grande homem, utai vona yaku tsama u bukuteliwa hi ku rhandza shiguevenga/tinkamula ta madjaha tinga tala le ndhaveni, uyua rhandza
magupela, como quem diz"com tantos rapazes cheios de boas intencoes em Ndaveni (terra natal de Alexandre, Gaza), foste casar com um louco que passa a vida a dar-te porrada...um amigo a brincar dizia, que o principal problema das mulheres, ºe quererem escolher o homem que elas querem, no lugar de prestar atencao nos homens que de facto estao interessados nelas.....nao sou eu que estou a dizer isso.
Moçambique: arqueologia musical
Emerson Santiago Emerson Santiago, Moçambique, Música, TO NEM AÍ Quinta-feira, 05 Junho 2008
TÔ NEM AÍ, por Emerson Santiago
Tratar de lusofonia sem abordar assuntos relacionados a Brasil ou Portugal. Será que consigo?
Dos países de língua portuguesa, Moçambique é aquele com a maior herança musical registrada. Saiba por quê
O ano é 1930. Os efeitos da quebra da bolsa de Nova Iorque logo ecoariam em todo globo, trazendo uma década inteira de retração econômica. Num cenário assim, você, caro leitor, deve achar improvável haver uma mente sã desejando investir na acanhada, pachorrenta e subdesenvolvida colônia portuguesa de Moçambique. E, pior, num setor secundário como o do entretenimento, em particular o do mercado musical. Pois não é que havia gente disposta a isso?
Apesar da incrível e notória musicalidade de todos os povos do continente africano, não encontro até hoje uma só alma que creia que na Moçambique dessa época haviam artistas gravando e vendendo discos com uma facilidade impressionante até para países do chamado “primeiro mundo”. E mais, a produção musical moçambicana foi de tal maneira diversa e extensiva que temos o privilégio de dispor, hoje, da cultura musical deste país em sua totalidade, desde as mais tradicionais peças folclóricas até os sucessos populares das décadas passadas, coisa que definitivamente não aconteceu com Brasil ou Portugal.
Dos territórios de língua portuguesa, Moçambique foi o quarto a ter gravações regulares de artistas locais, sendo o primeiro Portugal (1900), seguido de Brasil (1902) e Goa (1910).
Para quem tem menos de 30 anos é importante fazer um parênteses. Vivíamos a época dos fonógrafos, aqueles enormes, caros e pesados aparelhos que davam a opção ao consumidor de ouvir música quando esta não era disponível ao vivo. Os menores aparelhos eram do tamanho de dois ou três CPUs de computadores e os maiores eram embutidos em móveis de madeira de lei trabalhada, coisa fina, do tamanho de dois ou três fogões atuais. Na compra desses trambolhos, o cliente recebia dois ou três discos de graça para ouvir no brinquedo novo.
Os discos eram os velhos e pesados 78 rotações, resistentes como a casca de um ovo. Armazenavam cerca de 3 minutos de música em cada face. O rádio era uma novidade ainda maior. Funcionava como hoje funciona a TV a cabo nos lares modernos, onde você paga para assistir canais de TV; não haviam comerciais, tampouco patrocinadores ainda.
É nesse cenário improvável que teremos as primeiras gravações de música moçambicana. A responsável pela empreitada é uma velha conhecida dos brasileiros: a gravadora Odeon. Alemã de nascimento, já naquela altura, devido à quebra da bolsa de 29, juntou-se às suas concorrentes diretas (Columbia, Pathé, Gramophone Company e outras empresas menores) e formou a EMI (sigla de Indústrias Elétricas e Musicais, em inglês), trabalhando porém, com relativa independência operacional. Não entenda-se com isso que não havia comércio musical antes. O que acontecia era que o mercado era exclusivamente direcionado a estrangeiros.
Havia música indiana,portuguesa e árabe disponível em disco. Faltava o repertório local. Como em praticamente todos os outros ramos da economia moçambicana da época, os portugueses entregaram de bandeja o comércio musical na mão dessa multinacional recém formada, a EMI. Não haviam gravadoras, nem engenheiros de som, nem técnicos,nem agentes portugueses. Os responsáveis pela difusão musical de Moçambique são os ingleses e alemães, que vinham numa crescente, expandindo e explorando novos mercados. Foi uma simples questão de avançar mais e mais pela costa oriental da África já que os mercados de Quênia e Tanzânia haviam se mostrado verdadeiras minas de ouro.
As primeiras gravações foram realizadas em Lourenço Marques (nome colonial de Maputo, a capital) e em Beira. Lá, uma variedade imensa de artistas locais fizeram gravações, em especial grupos de marimba, corais, solos de mbira (piano de polegar), guitarristas, entre outros. Infelizmente, ao mesmo tempo em que os povos africanos são ávidos consumidores de música, também descartam sua memória com imensa facilidade. Encontrar maiores dados, detalhes e fotos desses artistas pioneiros é uma missão praticamente impossível.
Paul Vernon, um dedicado estudioso desta nascedoura indústria musical reporta um registro de um funcionário de uma concorrente da época, relatando as atividades da rival Odeon em Moçambique. Registra esse funcionário que a companhia atendia a demandas cada vez mais crescentes dos revendedores em território moçambicano, demonstrando o imenso sucesso das gravações com artistas locais. Reporta ainda que o poder aquisitivo dos moçambicanos da época andava em alta, pois muitos trabalhavam nas minas de ouro de Joanesburgo, na vizinha África do Sul, e com seu salário consumiam a música recém introduzida em disco em grande quantidade.
Após a hegemonia inicial da Odeon, quem iria dominar o cenário musical do país nas décadas de 40 e 50 seriam os sul-africanos, em especial Eric Gallo, por meio de selos como Gallotone, Jive, Singer, e mais outras empresas menores, como a Tropik, Hit, Troubadour.
É importante ainda notar que essas primeiras gravações coincidiram com um período interessantíssimo da música de todo o continente africano, o chamado “hibridismo”, ou seja, a gradual assimilação pelos povos africanos de ritmos, noções e instrumentos musicais vindos da Europa e América. De instrumentos musicais, destaco a incorporação da bateria, do piano e do violão. O violão, por exemplo, tem papel importante na música africana no século XX. Este incorporou uma linguagem completamente nova nas mãos do negro africano das mais remotas localidades. Há ainda hoje literalmente centenas de estilos diferentes de toques de violão e guitarra em toda a África. Em Moçambique desde sempre os guitarristas da etnia changane são os mais conhecidos. Cito como exemplo Pedro Matabela, Aurélio Kowano, Filipe Sithole e Feliciano Gomes, todos ativos nas décadas de 40 e 50, deixando um sólido repertório gravado.
Aliás, é destes mesmos guitarristas changane o cultivo da “marrabenta”, tida por muitos como um ritmo moçambicano nacional, como o samba no Brasil. Tal confusão surgiu dentro da comunidade portuguesa residente na então Lourenço Marques. Na verdade, a marrabenta é o nome do toque particular destes mesmos guitarristas.
Fora os instrumentos, os africanos tomaram gradual consciência (via discos e rádio) da imensa herança africana criada nas Américas. Deu-se então a fusão de ritmos locais africanos com o jazz, o choro, o samba, a rumba, o mambo, o blues, a salsa, o merengue. Os moçambicanos foram também realizando esse processo de incorporação, conscientemente ou não, em sua música, tendo como influências principais os ritmos brasileiros e norte-americanos.
Para terminar, é importante salientar um detalhe que foge ao olhar do expectador estrangeiro. Não espere encontrar música moçambicana popular composta em português. A música moçambicana foi amplamente documentada, e praticamente todo idioma de importância primária ou secundária teve alguma gravação logo de início. Desde o suaíle no extremo norte ao ronga, no sul, todas as línguas estão devidamente representadas. Mas ainda estou por descobrir algum antigo artista que tenha gravado alguma canção em língua portuguesa, apesar dos nomes dos artistas serem muitas vezes bem lusitanos.
Para ouvir: CD “Forgotten Guitars from Mozambique” - selo Sharp Wood - traz gravações de guitarristas moçambicanos de fins da década de 50.
Emerson Santiago é brasileiro, advogado e professor de inglês. Lusófono declarado, ele é o mais novo colaborador do blog Descobri a Pólvora! e da Revista O Patifúndio.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Magilidana

Magilidana; um lindo poema de amor
Impossível descrever o Eugénio Mucavel sem os “olhos-de-ver-poesia”, porque este, imprimia poesia pura na sua música.
E como se sabe, tudo num poema, inclusive suas omissões, é significativo. E é esta significado, que me fez entrar na poesia do Eugénio Mucavel, fruto do seu ser social e acima de tudo, de relacionamentos mal conseguidos no campo amoroso.
Mas, o exemplo de hoje, embora aponte nesse sentido, tem seu quê de ganho, pois, a “Magilidana” que inspirou a música de que vou falar, não é aquela, que ele canta e lamentando-se numa outra música que” Niku kumile ussiwanine nawu shavissa matoritori, kambe nhamuntlha, wa ni shanissa” (“tirei-te da pobreza, vendendo doces de coco, mas hoje, me fazes sofrer”), esta, teve um final feliz, embora o começo tenha sido doloroso, como afinal, é sempre doloroso, o caminho da verdade.
Na verdade, a Magilidana foi a mulher da vida do Eugénio Mucavel, dai que na música ela é destacada desde o início, como aquela mulher que o homem olha e diz “é ela”, como que dirigido por um sino interno que toca na hora certa.
Interpretando a música Magilidana, percebe-se que esta mulher, não teria que passar por momentos de dúvida porque passam as mulheres com é caso de procurar saber quais as reais intenções do homem que a corteja, porque Joaquim sabia de antemão, afiançava e deixava transparecer que a queria casar (Migilidana, unhimela yini ndlovi yawu kati?)
Magilidana é a escolhida e elevada ao lugar de mulher para o seu lar, porque conhecia lá no fundo que a amava mesmo antes de a ter. Reparem, não havia platonismo algum no seu sentimento, porque sempre quis concretizar este amor que só teimava em não acontecer porque a Magilidana não cedia, e quando parecia ceder, se mostrava hesitante, daí que questiona “Magilida, unhimela yini ndlovi yawu kati?”, de que esperas Magilidana, mulher do meu lar?
Eugenio avançou sinal como que seguindo uma receita que o seu coração traçou, daí que, mesmo esperando em encontros mal sucedidos, mesmo que picado por mosquitos, ser interpelado pela Polícia, sofrer o aperto de sapatos, (uni maricarissa encontro nozhe ni watchissa ni mapassi/lumiwa hi ti nsuna/manhiwa hi swifambu.), não desistiu porque seu amor era puro.
Mas se a indecisão de Magilidana o incomodava, também incomodava as histórias que ela contava para justificar as faltas ao encontro, (hi mafenha Magilidana nldovi), e o irritava o facto dela não conseguia enxergar o óbvio: um verdadeiro amor a sua frente.
Mas o sublimes desta poesia, está no sonho que o Eugenio teve com a Magilidana, um sonho puro, inocente, imaculado e carregado de simbolismo.
Conta no seu sonho que “siku dzimbeni nkata, nilozi nanina wene, nahi lhalela maphapharhati, loko nhanwa/mpswonwsa swiluva/hambe no tsaka kaya kwanga ku kiyela ndlovi yawu kati hi mafenha Magilidana mine”
Esta mulher com que ele sonha, não é a que esfola seu corpo nu em vídeos clipes dzucuteiros e pandzeiros, não é objecto de todos reducionismos, não é a mulher objecto na música, mas sim objecto da música, é a mulher que inspira e veste a música do belo e não a despida na música, não é a mulher do imediatismo de uma noite de “dou-te com camisa dou-te”, não é a retratada por miúdos que mal conhecem uma mulher, mas acham que já a podem cantar, é sim, a mulher do lar, é a mulher habitando o papel das possibilidades infinitas.
Daí que quando podia dizer explicitamente que sonhou com esta mulher a fazer amor, prefere vestir as palavras dum véu dizendo ..” nahi lhalela maphapharhati, loko ma nhanwa/mapswonwsa swiluva.”(assistindo borboletas sugando o néctar das flores)
Equipara o Eugénio, não só a beleza das borboletas ao seu amor, como as asas destas cobertas com um pólen que representa a fecundação, logo o acto sexual. Na verdade, é este, um golpe de palavras na navegação poética, isto porque, esta mulher, antes de ser a mulher que ele gosta, reflecte o corpo e figura materna e se, não se pode maltratar uma mãe, logo, também não se maltrata a qualquer outra mulher.
A referência swiluva (flores), e se tivermos em conta que estas podem representar a parte mais fina e melhor de uma substância, ganha aqui vida quando comparado a beleza da mulher que ama (Magilidana), e para além de que, esta pode representar a reprodução e justamente o que o Eugénio pretende: esposa e logo, mãe de seus filhos.
Dai o respeito para com as mulheres porque seu corpo é aquele templo, onde rezamos em silêncio e que se diga, nessa hora o tempo pára.
Se o tempo é zero, tal significa que é a hora de intervenção dos deuses, é a hora da mulher, este Deus que não se percebe e por isso mesmo Deus.
E aí está: o Mucavel, é este ateu, que lutou para descobrir a primeira missa e encarar de caras este Deus imprescritível, não só para ver a cara dela, mas para conhecer e conviver todos os dias, formando um lar, dai que afirma que a sua felicidade não é plena sem a mulher da sua vida (hambe no tsaka kaya kwanga ku kiyela ndlovi yawu kati hi mafenha Magilidana mine.)
E prova disto é que a música, é feita depois de Magilidana ter se casado com o Eugenio. E isto de cantar a nossa própria mulher diz muito ou não?
Podia mais borboletear com Magilidana, mas hoje fico por aqui, analisando no silêncio colorido das minhas borboletas da mente, este lindo poema de amor chamado Magilidana de Eugénio Mucavele.
Amosse Macamo